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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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É na área <strong>da</strong> ciência que eu pretendo concentrar a atenção<br />

nas palestras seguintes, pois é o campo que mais <strong>de</strong>man<strong>da</strong> o estabelecimento<br />

<strong>de</strong>ssa relação. O ditado corrente segundo o qual a<br />

ciência e sua filha, a tecnologia, são “neutras”, isto é, “não têm<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong>”, precisa ser <strong>de</strong>smistificado. É essa “neutrali<strong>da</strong><strong>de</strong>” que<br />

está por trás <strong>da</strong>quela impressão <strong>de</strong> “força mortal” para a qual chamei<br />

a atenção outro dia. Amanhã pretendo começar a abor<strong>da</strong>r este<br />

tópico.<br />

Passamos o resto <strong>da</strong> tar<strong>de</strong> saltando troncos acin<strong>zen</strong>tados <strong>de</strong><br />

árvores caí<strong>da</strong>s e ziguezagueando pela encosta íngreme.<br />

Atingimos um penhasco cuja beira<strong>da</strong> contornamos à procura<br />

<strong>de</strong> um caminho <strong>de</strong> <strong>de</strong>sci<strong>da</strong>, e finalmente <strong>de</strong>scobrimos uma ravina<br />

por on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scer, e que se prolonga através <strong>de</strong> uma fissura<br />

nas rochas, on<strong>de</strong> corre um fio <strong>de</strong> água. Na fissura vêem-se arbustos,<br />

pedras, lama, raízes <strong>de</strong> imensas árvores alimenta<strong>da</strong>s pelo arroio.<br />

Aí ouvimos a distância o rumorejar <strong>de</strong> um regato bem maior.<br />

Atravessamos o regato com o auxílio <strong>de</strong> uma cor<strong>da</strong>, que abandonamos<br />

por lá mesmo, e na estra<strong>da</strong>, do outro lado, encontramos<br />

uns turistas, que nos dão uma carona até a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Ao chegarmos a Bozeman, já é tar<strong>de</strong> <strong>da</strong> noite. Em vez <strong>de</strong><br />

acor<strong>da</strong>r os DeWeeses e pedir que venham nos buscar, resolvemos<br />

ficar no hotel principal do centro. No saguão, alguns turistas nos<br />

olham, admirados. Assim com esse uniforme velho do Exército, <strong>de</strong><br />

vara na mão, barba por fazer e boina preta, <strong>de</strong>vo estar parecendo<br />

um revolucionário cubano, pronto para a guerrilha.<br />

No quarto do hotel, largamos tudo ali pelo chão mesmo. Despejo<br />

numa cesta <strong>de</strong> lixo os seixos que a correnteza introduziu nas<br />

minhas botas, colocando-as em segui<strong>da</strong> ao lado <strong>da</strong> estufa para secar.<br />

Depois jogamo-nos na cama, sem dizer palavra.<br />

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