19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

─ Então, qual a origem <strong>de</strong>ssa lei? Teria ela sempre existido?<br />

John franze o cenho, imaginando on<strong>de</strong> quero chegar.<br />

─ O que tenho em mente ─ digo eu ─ é a idéia <strong>de</strong> que antes<br />

que a terra se formasse, antes que o sol e as estrelas surgissem,<br />

antes que qualquer outra coisa fosse cria<strong>da</strong>, a lei <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> já<br />

existia.<br />

─ E óbvio.<br />

─ Mesmo assim, para<strong>da</strong> ali, sem massa nem energia próprias,<br />

sem estar na cabeça <strong>de</strong> ninguém, porque ninguém existia,<br />

nem situa<strong>da</strong> no espaço, porque também não havia espaço, para<strong>da</strong><br />

ali no na<strong>da</strong>, ela ain<strong>da</strong> existia?<br />

Agora John já não tem mais tanta certeza.<br />

─ Se a lei <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> já existisse, eu francamente não saberia<br />

quais as condições que as coisas <strong>de</strong>veriam aten<strong>de</strong>r para não<br />

existirem. Parece-me que a lei <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> passou por todos os<br />

testes possíveis <strong>de</strong> inexistência. Não se po<strong>de</strong> imaginar sequer uma<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inexistência que não se aplique à lei <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Nem tampouco uma proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> existência que se aplique a<br />

ela. Ain<strong>da</strong> assim, todo mundo acha natural acreditar que ela já<br />

existia.<br />

─ É, acho que eu tenho <strong>de</strong> pensar melhor sobre o assunto ─<br />

reconhece John.<br />

─ Bom, calculo que se você pensar bastante, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>da</strong>r<br />

umas quinhentas mil voltas vai chegar a uma única conclusão<br />

possível, inteligente e racional: a lei <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e até mesmo a<br />

própria gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> não existiam antes <strong>de</strong> Isaac Newton. Não existe<br />

conclusão mais coerente. E isso quer dizer ─ prossigo, antes que<br />

ele me interrompa ─ isso quer dizer que a lei <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> existe<br />

apenas nas nossas cabeças! É um fantasma! Ficamos <strong>de</strong>rrubando<br />

os fantasmas dos outros, <strong>da</strong>ndo uma <strong>de</strong> arrogantes e presunçosos,<br />

mas somos tão ignorantes, primitivos e supersticiosos quanto<br />

eles.<br />

─ Então, por que é que todo mundo acredita na lei <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

─ Hipnose em massa. Disfarça<strong>da</strong> sob uma forma bastante<br />

ortodoxa, chama<strong>da</strong> “educação”.<br />

─ Quer dizer que você acha que o professor hipnotiza as<br />

crianças para elas acreditarem na lei <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

─ Claro.<br />

─ Mas isso é ridículo.<br />

─ Já ouviu falar na importância do contato visual em sala<br />

40

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!