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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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uma vez consertado o sistema elétrico, a moto vai funcionar. Po<strong>de</strong><br />

haver outros problemas. Mas o mecânico sabe que a moto não vai<br />

an<strong>da</strong>r se o sistema elétrico não estiver funcionando, e então faz a<br />

seguinte pergunta formal: “Problema a resolver: o que há <strong>de</strong> errado<br />

com o sistema elétrico?”<br />

Depois, levanta hipóteses para este problema e as testa. Fa<strong>zen</strong>do<br />

as perguntas certas, escolhendo os testes a<strong>de</strong>quados, e tirando<br />

as conclusões pertinentes, o mecânico abre caminho, <strong>de</strong>scendo<br />

ca<strong>da</strong> vez mais pelos escalões <strong>da</strong> hierarquia <strong>da</strong> motocicleta,<br />

até encontrar a causa ou causas exatas e específicas do <strong>de</strong>feito,<br />

que serão posteriormente elimina<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> modo a eliminar também<br />

o problema.<br />

Um observador leigo verá apenas o trabalho físico, e terá certamente<br />

a impressão <strong>de</strong> que o trabalho mecânico é principalmente<br />

físico. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física é a p<strong>arte</strong> menor e mais fácil <strong>da</strong>quilo<br />

que o mecânico faz. A p<strong>arte</strong> predominante do trabalho <strong>de</strong> mecânica<br />

consiste na observação cui<strong>da</strong>dosa e no raciocínio preciso. É<br />

por isso que os mecânicos às vezes parecem taciturnos e isolados<br />

quando realizam experiências. Não gostam que a gente fale com<br />

eles, porque estão concentrados em imagens mentais, hierarquias;<br />

na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, não estão vendo nem a gente, nem a motocicleta física.<br />

Eles usam a experiência como p<strong>arte</strong> <strong>de</strong> um programa para expandir<br />

sua hierarquia <strong>de</strong> conhecimento sobre a motocicleta <strong>de</strong>feituosa,<br />

e a comparam à hierarquia correta na sua cabeça. Estão olhando<br />

para a forma subjacente.<br />

Um carro puxando um trailer, que vem na nossa direção, está<br />

fa<strong>zen</strong>do uma ultrapassagem, mas encontra dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> para voltar<br />

à sua pista. Eu pisco meu farol para ter certeza <strong>de</strong> que ele está nos<br />

vendo. Ele está, mas não consegue voltar à pista. O acostamento<br />

é estreito e todo ondulado. Vamos ser cuspidos fora <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>, se<br />

entrarmos nele. Aperto o freio, buzino, pisco os faróis. Meus Deus,<br />

ele entrou em pânico e está vindo em direção ao nosso acostamento!<br />

Eu fico firme, na beirinha <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>. AI VEM ELE! No último<br />

minuto, ele entra na pista, tirando um fino na gente.<br />

Uma caixa <strong>de</strong> papelão a<strong>de</strong>ja e rola na estra<strong>da</strong> à nossa frente<br />

e nós a observamos durante muito tempo antes <strong>de</strong> a alcançarmos.<br />

Deve ter caído <strong>de</strong> algum caminhão.<br />

Só agora chega a treme<strong>de</strong>ira. Se estivéssemos <strong>de</strong> carro, teríamos<br />

capotado. Ou então, <strong>de</strong>spencado precipício abaixo.<br />

Saímos <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> num lugarejo típico do interior <strong>de</strong> Iowa.<br />

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