19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>da</strong> experiência, po<strong>de</strong> conduzir a elas...<br />

Intuição? Afetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>? Palavras estranhas para <strong>de</strong>screver a<br />

origem do conhecimento científico.<br />

Alguém que fosse menos cientista que Einstein teria dito:<br />

“Mas o conhecimento científico vem <strong>da</strong> natureza. É a natureza que<br />

fornece as hipóteses.” Einstein, porém, sabia que não é assim. A<br />

natureza só fornece <strong>da</strong>dos experimentais.<br />

Alguém menos inteligente po<strong>de</strong>ria ter ap<strong>arte</strong>ado: “Muito bem,<br />

então é o homem que faz as hipóteses.” Mas Einstein também não<br />

concor<strong>da</strong>va com isso. “Ninguém que tenha estu<strong>da</strong>do o assunto a<br />

fundo negará que na prática apenas o mundo dos fenômenos <strong>de</strong>termina<br />

o sistema teórico, apesar <strong>de</strong> não existir ponte teórica nenhuma<br />

entre os fenômenos e seus princípios teóricos.”<br />

O rompimento <strong>de</strong> Fedro com o sistema lógico ocorreu quando,<br />

em conseqüência <strong>de</strong> algumas experiências <strong>de</strong> laboratório, ele<br />

se interessou pelas hipóteses como enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s em si mesmas. Ele já<br />

havia percebido várias vezes, no seu trabalho <strong>de</strong> laboratório, que<br />

o que po<strong>de</strong>ria parecer a p<strong>arte</strong> mais difícil do trabalho científico, a<br />

criação <strong>da</strong>s hipóteses, era sempre a mais fácil. O simples ato <strong>de</strong><br />

anotar formalmente tudo, com a maior precisão e clareza possíveis,<br />

já parecia sugerir as hipóteses. Enquanto testava a primeira hipótese<br />

pelo método experimental, vinha-lhe à mente um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro<br />

enxame <strong>de</strong> novas hipóteses, e, ao testá-las, criava outras, e enquanto<br />

ele testava essas outras, surgiam mais, até que ficou bastante<br />

claro que enquanto ele continuasse testando as hipóteses e<br />

eliminando-as ou confirmando-as, o número <strong>de</strong>las não diminuiria.<br />

Pelo contrário, o número aumentava à medi<strong>da</strong> que ele prosseguia.<br />

No começo, ele achava aquilo divertido. Inventou até uma<br />

lei gozadora, no estilo <strong>da</strong>s Leis <strong>de</strong> Parkinson, segundo a qual “o<br />

número <strong>de</strong> hipóteses racionais que po<strong>de</strong>m explicar qualquer fenômeno<br />

<strong>da</strong>do é infinito.” Agra<strong>da</strong>va-lhe que suas hipóteses jamais se<br />

esgotassem. Mesmo quando suas experiências pareciam não ter<br />

mais saí<strong>da</strong>, <strong>de</strong> jeito nenhum, ele sabia que era só sentar-se e remexer<br />

um pouco as idéias por algum tempo, que certamente surgiria<br />

outra hipótese. E sempre <strong>da</strong>va certo. Foi só meses após ter criado<br />

essa lei que ele começou a ter algumas dúvi<strong>da</strong>s sobre a graça ou<br />

utili<strong>da</strong><strong>de</strong> que ela teria.<br />

Se fosse ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira, a lei não <strong>de</strong>tectaria uma simples escorrega<strong>de</strong>la<br />

no raciocínio científico. Seria completamente niilista, uma<br />

catastrófica refutação lógica <strong>da</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> geral <strong>de</strong> todo o método<br />

científico!<br />

115

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!