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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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merosas e perigosas.<br />

Das cila<strong>da</strong>s morais, a mais comum e perniciosa é o rigor, a<br />

falta <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para avaliar o que se vê, por causa do comprometimento<br />

com valores anteriores. Na <strong>manutenção</strong> <strong>de</strong> motos, é<br />

preciso re<strong>de</strong>scobrir o que se faz a ca<strong>da</strong> momento. Os valores estáticos<br />

tornam tal processo impossível.<br />

A situação típica é aquela em que a motocicleta não funciona.<br />

Os fatos estão na cara, mas você nem vê. Eles não têm valor<br />

suficiente. Era disso que Fedro falava. A Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, o valor, cria os<br />

sujeitos e os objetos <strong>de</strong>ste mundo. Se os seus valores forem rígidos,<br />

você não conseguirá apren<strong>de</strong>r coisas novas.<br />

Isto muitas vezes se manifesta sob a forma <strong>de</strong> diagnóstico<br />

prematuro, quando você está crente que sabe qual é o problema, e<br />

aí, ao ver que está errado, empaca. Nesse caso <strong>de</strong>ve encontrar pistas<br />

novas, mas antes <strong>de</strong> fazê-lo tem <strong>de</strong> acabar com as velhas idéias.<br />

Se você se <strong>de</strong>ixar contagiar pela rigi<strong>de</strong>z nos valores, po<strong>de</strong> não ver a<br />

solução a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, mesmo que ela esteja <strong>de</strong>baixo do seu nariz, por<br />

não <strong>da</strong>r a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> importância a essa resposta.<br />

O nascimento <strong>de</strong> um novo fato é sempre uma coisa maravilhosa.<br />

Dualisticamente, é chamado <strong>de</strong> “<strong>de</strong>scoberta”, porque se<br />

supõe que exista in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> consciência que <strong>de</strong>le se<br />

tem. Quando ele aparece, tem, a princípio, pouco valor. Depois,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> moral do observador e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

potencial do fato, o valor aumenta vagarosa ou rapi<strong>da</strong>mente, ou se<br />

dissipa, fa<strong>zen</strong>do o fato <strong>de</strong>saparecer.<br />

A maioria esmagadora dos fatos, as imagens e sons que nos<br />

cercam a ca<strong>da</strong> segundo, e as relações entre eles e tudo que guar<strong>da</strong>mos<br />

na memória não têm Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ─ sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, em outras<br />

palavras, é negativa. Se eles estivessem todos presentes ao mesmo<br />

tempo, nossa consciência ficaria tão atravanca<strong>da</strong> por <strong>da</strong>dos sem<br />

sentido, que não po<strong>de</strong>ríamos mais pensar, nem fazer na<strong>da</strong>. Portanto,<br />

nós pré-selecionamos, com base na Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, ou, segundo<br />

Fedro, o trilho <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> pré-seleciona os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> que vamos<br />

tomar consciência, sendo tal seleção feita <strong>de</strong> modo a harmonizar o<br />

que somos com aquilo em que nos estamos transformando.<br />

Se você cair na cila<strong>da</strong> <strong>da</strong> rigi<strong>de</strong>z moral, <strong>de</strong>ve diminuir a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

─ vai ter que diminuir <strong>de</strong> qualquer maneira, queira ou não ─<br />

mas <strong>de</strong> propósito, e voltar sobre seus próprios passos, para ver se<br />

as coisas que você pensou que eram importantes eram mesmo importantes,<br />

e... bem... ficar só olhando para a máquina. Não há na<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>mais nisso. Conviva com ela por alguns momentos. Observe-a do<br />

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