19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

enfiou a cabeça pela porta para ver o que estava acontecendo.<br />

─ Está tudo bem ─ respon<strong>de</strong>u Fedro. ─ É que nós <strong>de</strong>paramos<br />

com um problema genuíno, e é difícil recuperar-se <strong>de</strong>ste impacto.<br />

Ao ouvir isso, alguns alunos ficaram intrigados e o barulho, aos<br />

poucos, amainou.<br />

Então ele aproveitou a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para retomar rapi<strong>da</strong>mente<br />

o tema “Corrupção e <strong>de</strong>cadência na Igreja <strong>da</strong> Razão”. Aquela<br />

indignação dos alunos porque alguém estava tentando se utilizar<br />

<strong>de</strong>les para <strong>de</strong>scobrir a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> era um indício <strong>de</strong> tal corrupção. A<br />

gente era obriga<strong>da</strong> a fingir que estava buscando a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, a imitar<br />

essa busca. Buscá-la a sério era uma exigência abominável.<br />

A ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é que ele realmente queria saber o que os alunos<br />

achavam, não para lhes atribuir uma nota, mas para conhecer sua<br />

opinião.<br />

Eles pareciam meio confusos.<br />

─ Fiquei em cima disso a noite to<strong>da</strong> ─ disse um <strong>de</strong>les.<br />

─ Quase chorei <strong>de</strong> tanta raiva ─ falou uma garota que sentava<br />

perto <strong>da</strong> janela.<br />

─ O senhor <strong>de</strong>via ter avisado a gente ─ disse um terceiro.<br />

─ Como é que eu podia avisar ─ replicou ele ─ se eu nem sabia<br />

qual ia ser a reação <strong>de</strong> vocês?<br />

Alguns dos encafifados lançaram-lhe um olhar que refletia<br />

um início <strong>de</strong> entendimento. Ele não estava brincando. Queria mesmo<br />

saber o que achavam.<br />

Que figura mais esquisita!<br />

Aí, alguém perguntou:<br />

─ E o senhor, o que é que pensa?<br />

─ Não sei ─ respon<strong>de</strong>u ele.<br />

─ Mas o que é que o senhor acha? Depois <strong>de</strong> uma longa pausa,<br />

ele disse:<br />

─ Acho que a Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> existe, mas que quando a gente tenta<br />

<strong>de</strong>fini-la, a coisa fica muito complica<strong>da</strong>. É impossível.<br />

Murmúrios <strong>de</strong> aprovação.<br />

─ Por que isso acontece, eu não sei dizer. Achei que teria alguma<br />

idéia lendo os trabalhos <strong>de</strong> vocês. Eu simplesmente não sei.<br />

Desta vez, a turma ficou em silêncio.<br />

Naquele dia, em outras aulas, houve protestos parecidos, mas<br />

vários alunos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> turma arriscaram respostas livres, que lhe<br />

mostraram que a primeira aula fora <strong>de</strong>bati<strong>da</strong> na hora do almoço.<br />

Alguns dias <strong>de</strong>pois, ele apresentou uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> sua<br />

autoria, que escreveu no quadro-negro, para ser transmiti<strong>da</strong> à<br />

208

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!