19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

eles tinham um objetivo. Se um aluno entregasse um punhado <strong>de</strong><br />

referências mal feitas, ou um plano mal organizado, que mostrasse<br />

que ele estava apenas se <strong>de</strong>sincumbindo <strong>de</strong> uma obrigação, po<strong>de</strong>ria<br />

ser alertado <strong>de</strong> que, embora seu trabalho correspon<strong>de</strong>sse literalmente<br />

ao que fora pedido, certamente não atingia o objetivo <strong>da</strong><br />

Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e era, portanto, imprestável.<br />

Agora, respon<strong>de</strong>ndo à eterna pergunta: “Como é que se faz<br />

isso?”, que o havia frustrado a ponto <strong>de</strong> fazê-lo pensar em <strong>de</strong>mitirse,<br />

ele podia respon<strong>de</strong>r: “Não interessa! Contanto que o resultado<br />

seja bom...!” Mas o aluno relutante po<strong>de</strong>ria então perguntar na<br />

aula: “Como é que a gente vai saber se está bom?” Porém, antes que<br />

ele abrisse a boca, perceberia que a resposta já havia sido <strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

Geralmente, outro aluno respondia: “É só olhar, que você vê.” Se<br />

ele respon<strong>de</strong>sse que não concor<strong>da</strong>va, lhe diriam que ele podia ver,<br />

sim, que Fedro havia provado que sim. O aluno, afinal, ficava completamente<br />

comprometido a fazer julgamentos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> por si<br />

mesmo. E somente isso, na<strong>da</strong> mais, é que o ensinava a escrever.<br />

Até então, Fedro fora obrigado pelo sistema acadêmico a dizer<br />

o que queria, mesmo sabendo que isso forçava os estu<strong>da</strong>ntes a se<br />

a<strong>da</strong>ptarem a formas artificiais que lhes <strong>de</strong>struíam a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Os alunos que utilizaram as regras por ele <strong>de</strong>duzi<strong>da</strong>s ficaram con<strong>de</strong>nados<br />

por sua incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serem criativos ou <strong>de</strong> produzirem<br />

trabalhos que refletissem seus próprios padrões individuais<br />

<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Agora, era diferente. Invertendo a regra básica <strong>de</strong> que tudo<br />

o que for ensinado <strong>de</strong>ve primeiro ser <strong>de</strong>finido, ele encontrara uma<br />

saí<strong>da</strong>. Não indicou nenhum princípio, nenhuma regra <strong>de</strong> bem escrever,<br />

nenhuma teoria ─ em vez disso, indicou algo tão concreto<br />

que não podia ser negado. O vazio criado pela retenção <strong>da</strong>s notas<br />

foi subitamente preenchido pela meta positiva <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e aí<br />

tudo se encaixou nos seus <strong>de</strong>vidos lugares. Alunos atônitos apareciam<br />

na sala <strong>de</strong>le, di<strong>zen</strong>do: “Antes, eu simplesmente <strong>de</strong>testava<br />

inglês. Agora, passo a maior p<strong>arte</strong> do tempo estu<strong>da</strong>ndo-o!” Não<br />

foram só um ou dois, foram vários. Aquele conceito <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

era maravilhoso. Funcionava mesmo. Era aquele objetivo misterioso,<br />

individual, íntimo <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ser criativo, expresso, enfim, no<br />

quadro-negro.<br />

do.<br />

Volto-me para ver como está o Chris. Pela cara, está cansa-<br />

─ Como você está? ─ pergunto, então.<br />

211

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!