19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Capítulo 20<br />

Acabei dormindo, claro. O sol está quente. Meu relógio marca<br />

meio-dia e pouco. Olhando por sobre a rocha em que estou recostado,<br />

vejo Chris do outro lado, dormindo a sono solto. Bem acima<br />

<strong>de</strong>le termina a floresta, e o tom cin<strong>zen</strong>to <strong>da</strong>s rochas nuas se encontra<br />

com as manchas <strong>de</strong> neve. Po<strong>de</strong>ríamos escalar o dorso <strong>da</strong>quela<br />

crista à nossa frente, mas correríamos perigo ao nos aproximarmos<br />

do cume. Contemplo o pico <strong>da</strong> montanha por alguns instantes. O<br />

que foi mesmo que Chris disse ontem à noite? Que eu o veria no<br />

pico <strong>da</strong> montanha... Não... Que nós nos encontraríamos no pico <strong>da</strong><br />

montanha.<br />

Como é que eu po<strong>de</strong>ria encontrá-lo no alto <strong>da</strong> montanha, se<br />

eu já estava com ele? Tem algo <strong>de</strong> podre nessa história. Ele disse<br />

que eu tinha falado outra coisa na outra noite: que aqui era um<br />

lugar solitário. Isso contradiz a minha opinião real. Eu não acho as<br />

montanhas solitárias coisa nenhuma.<br />

Ouvindo o barulho <strong>de</strong> pedras que <strong>de</strong>spencam, volto-me para<br />

um dos lados <strong>da</strong> montanha. Tudo calmo. Completamente parado.<br />

Não foi na<strong>da</strong>. A gente ouve o som <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamentos o tempo<br />

todo.<br />

Porém, às vezes, eles não são tão pequenos. As avalanchas<br />

começam com pequenos <strong>de</strong>slizamentos como esses... Se a gente<br />

estiver acima ou ao lado <strong>de</strong>les, é até interessante observá-los. Mas<br />

se estiver embaixo ─ então, não há escapatória. Só se po<strong>de</strong> ficar<br />

esperando as pedras caírem.<br />

Dizemos coisas esquisitas durante o sono, mas por que eu<br />

diria ao Chris que ia encontrá-lo. E por que ele pensou que eu estava<br />

acor<strong>da</strong>do? Aqui há alguma coisa muito erra<strong>da</strong>, gerando uma<br />

sensação muito <strong>de</strong>sagradável, mas não consigo <strong>de</strong>scobrir o que é.<br />

Primeiro a gente sente as coisas; <strong>de</strong>pois é que vai saber a razão.<br />

Ouvindo Chris se mexer, volto-me e vejo que ele está olhando<br />

243

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!