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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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Capitulo 2<br />

A estra<strong>da</strong> serpeia, subindo ca<strong>da</strong> vez mais. Paramos para <strong>de</strong>scansar<br />

e almoçar, conversamos um pouquinho, e <strong>de</strong>pois reencetamos<br />

nossa longa viagem. Por causa do cansaço que principia à<br />

tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido à agitação do primeiro dia, viajamos num ritmo equilibrado,<br />

nem lento, nem rápido.<br />

Somos atingidos por um vento lateral <strong>de</strong> sudoeste, e a moto<br />

pa-rece inclinar-se sozinha a ca<strong>da</strong> raja<strong>da</strong>, para neutralizar a força<br />

<strong>de</strong>le. Há pouco comecei a sentir algo peculiar em relação a esta<br />

estra<strong>da</strong>, uma apreensão, como se estivéssemos sendo seguidos ou<br />

observados. Mas à nossa frente não há nenhum carro, e pelo espelho<br />

retrovisor só vejo John e Sylvia, lá bem longe.<br />

Ain<strong>da</strong> não chegamos às Dakotas, mas as amplas campinas<br />

mostram que estamos próximos <strong>de</strong>las. Alguns prados estão azulados,<br />

cobertos <strong>de</strong> flores do linho, que ondulam vagarosamente,<br />

como a superfície <strong>de</strong> um oceano. Os morros agora são maiores, dominando<br />

tudo, exceto o céu, que parece mais aberto. Quase não se<br />

po<strong>de</strong>m ver os sítios e fa<strong>zen</strong><strong>da</strong>s a distância. A terra está começando<br />

a se alargar.<br />

Não há um limite nítido entre as Planícies Centrais e as Gran<strong>de</strong>s<br />

Planícies. A mu<strong>da</strong>nça é gra<strong>da</strong>tiva, e nos pega <strong>de</strong>sprevenidos;<br />

é como se a gente estivesse saindo <strong>de</strong> um porto embatido pelas<br />

on<strong>da</strong>s, notasse que elas se haviam elevado bastante, e olhando<br />

para trás não divisasse mais a costa. Aqui há menos árvores, e<br />

subitamente percebo que as que existem não são nativas. Foram<br />

trazi<strong>da</strong>s e planta<strong>da</strong>s em fileiras ao redor <strong>da</strong>s casas e entre os campos<br />

<strong>de</strong> cultivo para quebrar o vento. On<strong>de</strong> não há árvores, porém,<br />

também não há vegetação rasteira, nem brotos ─ apenas capim,<br />

às vezes entremeado <strong>de</strong> flores silvestres e mato, mas geralmente<br />

apenas capim.<br />

Pressinto que nenhum <strong>de</strong> nós compreen<strong>de</strong> exatamente o que<br />

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