19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> não era assim.<br />

Fedro lembrou-se <strong>de</strong> que o pensamento <strong>de</strong> Hegel era consi<strong>de</strong>rado<br />

uma ponte entre a filosofia oci<strong>de</strong>ntal e a oriental. O Ve<strong>da</strong>nta<br />

dos hindus, o Caminho dos taoístas, e até o Bu<strong>da</strong> já tinham sido<br />

consi<strong>de</strong>rados monismos absolutos, semelhantes ao que Hegel i<strong>de</strong>alizara.<br />

Na época, porém, Fedro duvi<strong>da</strong>va <strong>da</strong> correspondência entre<br />

o Um místico e os monismos oci<strong>de</strong>ntais, porque o Um místico não<br />

obe<strong>de</strong>cia a nenhuma regra, ao contrário dos monismos metafísicos.<br />

A Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> concebi<strong>da</strong> por ele era uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong> metafísica, e não<br />

mística. Ou não? Qual era a diferença?<br />

Ele disse com seus botões que a diferença estava na <strong>de</strong>finição.<br />

As enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s metafísicas são <strong>de</strong>finíveis, e as místicas, não.<br />

Portanto, a Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> era mística. Não; na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, era mística e<br />

metafísica ao mesmo tempo. Embora ele a concebesse até aquele<br />

momento, em termos puramente filosóficos, como uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

metafísica, recusava-se a <strong>de</strong>fini-la. A Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> era mesmo mística.<br />

Essa impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição liberava-a <strong>da</strong>s regras metafísicas.<br />

Então, sem pensar, Fedro foi até a estante e retirou um livrinho<br />

enca<strong>de</strong>rnado em cartolina azul. Era um manuscrito que ele<br />

mesmo copiara e enca<strong>de</strong>rnara havia vários anos, por não ser mais<br />

encontrado nas livrarias. Era o Tao-te-ching, <strong>de</strong> Lao Tsé, uma obra<br />

com 2.400 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Começou então a reler aquelas linhas já<br />

tão conheci<strong>da</strong>s, mas estu<strong>da</strong>ndo-as, <strong>de</strong>sta vez, para ver se conseguiria<br />

estabelecer uma certa correspondência. Lia e interpretava ao<br />

mesmo tempo.<br />

Leu a seguinte frase:<br />

A Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> não é a Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> Absoluta.<br />

Ele dissera exatamente isso.<br />

Os nomes que lhe po<strong>de</strong>m ser <strong>da</strong>dos não são Absolutos.<br />

Ela é a origem do céu e <strong>da</strong> terra.<br />

Ao ser <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>, transforma-se na mãe <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as coisas...<br />

Mas era aquilo mesmo!<br />

A Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> (a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> romântica) e suas manifestações (a<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> clássica) compartilham <strong>da</strong> mesma natureza. Ela recebe<br />

nomes diferentes (sujeitos e objetos) ao se manifestar em termos<br />

clássicos.<br />

Em conjunto, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> romântica e a clássica po<strong>de</strong>m ser<br />

chama<strong>da</strong>s “o místico”.<br />

Deslocando-se <strong>de</strong> alguns mistérios para outros mais profun-<br />

254

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!