19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Volto, ligo a moto e a levo para perto <strong>de</strong> on<strong>de</strong> está a bagagem,<br />

iluminando o local com o farol para ver se localizo a lanterna. Levo<br />

algum tempo para perceber que eu não queria a lanterna, queria<br />

o facão, que está bem <strong>de</strong>baixo do meu nariz. Quando, finalmente,<br />

retorno, o John já conseguiu fazer o fogo pegar. Usando o facão,<br />

racho alguns dos pe<strong>da</strong>ços maiores <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<br />

Chris reaparece... com a lanterna na mão.<br />

─ Quando é que a gente vai comer?<br />

─ Nós já estamos cui<strong>da</strong>ndo disso. Deixe a lanterna aqui ─<br />

or<strong>de</strong>no.<br />

Ele torna a <strong>de</strong>saparecer, levando a lanterna.<br />

O vento sopra o fogo com tanta força que as labare<strong>da</strong>s não alcançam<br />

a carne. Tentamos improvisar um quebra-vento com gran<strong>de</strong>s<br />

pedras encontra<strong>da</strong>s na estra<strong>da</strong>, mas está muito escuro e não<br />

conseguimos ver o que está por ali. Trazemos as <strong>motocicletas</strong> para<br />

perto e iluminamos o local com as luzes dos faróis, colocados um<br />

em frente ao outro. Luz mais esquisita. As cinzas incan<strong>de</strong>scentes,<br />

subindo do fogo, assumem um intenso brilho branco ao atravessarem<br />

o cone <strong>de</strong> luz, para <strong>de</strong>pois serem leva<strong>da</strong>s pelo vento.<br />

De repente... BUM! Uma tremen<strong>da</strong> explosão atrás <strong>de</strong> nós.<br />

Depois, as risa<strong>da</strong>s espremi<strong>da</strong>s do Chris.<br />

Sylvia está zanga<strong>da</strong>.<br />

─ Achei uma bombinhas ─ diz ele.<br />

Contenho-me a tempo, di<strong>zen</strong>do, secamente:<br />

─ É hora <strong>de</strong> comer.<br />

─ Primeiro me arranja uns fósforos.<br />

─ Sente-se e coma.<br />

─ Me dá os fósforos primeiro.<br />

─ Sente-se e coma!<br />

Ele se acomo<strong>da</strong> e eu tento cortar a carne com a minha faca<br />

<strong>de</strong> rancho, mas está dura <strong>de</strong>mais e resolvo usar uma faca <strong>de</strong> caça.<br />

A luz do farol <strong>da</strong> moto inci<strong>de</strong> diretamente sobre mim, <strong>de</strong> modo que<br />

não posso enxergar on<strong>de</strong> caiu a faca <strong>de</strong> rancho quando a <strong>de</strong>volvi à<br />

marmita.<br />

Chris reclama que não consegue cortar a carne também, e eu<br />

lhe dou a minha faca. Ao esticar-se para pegá-la, ele <strong>de</strong>rruba to<strong>da</strong><br />

a comi<strong>da</strong> sobre a lona.<br />

Ninguém diz palavra.<br />

Não fiquei chateado porque ele <strong>de</strong>rramou a comi<strong>da</strong>. Estou<br />

zangado porque agora vamos ter que viajar com essa lona to<strong>da</strong><br />

engordura<strong>da</strong>.<br />

63

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!