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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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enten<strong>de</strong>r na<strong>da</strong>. Ele ain<strong>da</strong> não está bem acor<strong>da</strong>do, está an<strong>da</strong>ndo à<br />

toa, em círculos, para organizar os pensamentos. Logo <strong>de</strong>pois, Sylvia<br />

também se levanta, com o olho esquerdo inchado. Pergunto-lhe<br />

o que aconteceu e ela respon<strong>de</strong> que foram os mosquitos. Começo a<br />

recolher as coisas para carregar a moto, e John faz o mesmo.<br />

Depois <strong>de</strong> terminarmos, acen<strong>de</strong>mos uma fogueira, enquanto<br />

Sylvia <strong>de</strong>sembrulha pacotes <strong>de</strong> bacon, ovos e pão para o café <strong>da</strong><br />

manhã.<br />

Ao ficar pronta a comi<strong>da</strong>, vou acor<strong>da</strong>r o Chris, mas ele não<br />

quer levantar. Chamo-o novamente, e outra vez ele se recusa. Agarrando<br />

o fundo do saco <strong>de</strong> dormir, dou-lhe uma violenta sacudi<strong>de</strong>la;<br />

ele sai rolando e fica a piscar no meio <strong>da</strong>s agulhas <strong>de</strong> pinheiro.<br />

Enquanto ele se recobra, enrolo o saco.<br />

Ofendido, vem comer, e <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> primeira mordi<strong>da</strong> diz que<br />

está sem fome e com dor <strong>de</strong> barriga. Aponto para o lago lá embaixo,<br />

tão estranho no meio <strong>da</strong>quele <strong>de</strong>serto, mas ele não <strong>de</strong>monstra<br />

qualquer sinal <strong>de</strong> interesse. Apenas repete as queixas. Faço ouvidos<br />

<strong>de</strong> mercador, e John e Sylvia também não tomam conhecimento.<br />

Graças a Deus que eu lhes expliquei qual era a situação. Senão,<br />

podia ter surgido até um <strong>de</strong>sentendimento feio entre nós.<br />

Terminamos o café em silêncio, e, por incrível que pareça,<br />

estou me sentindo tranqüilo. Talvez seja por causa <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão que<br />

tomei com relação a Fedro. Mas po<strong>de</strong> ser também porque estamos<br />

cerca <strong>de</strong> tre<strong>zen</strong>tos metros acima <strong>da</strong> represa e avistamos além <strong>de</strong>la<br />

uma região típica do Oeste americano. Morros pelados, sem vivalma,<br />

em silêncio total. Esses lugares têm o dom <strong>de</strong> nos reanimar um<br />

pouco, fa<strong>zen</strong>do-nos crer que tudo vai melhorar.<br />

Ao recolocar as coisas que faltam no bagageiro <strong>da</strong> moto, constato,<br />

surpreso, que o pneu traseiro está totalmente careca. Deve ter<br />

sido o excesso <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>, o peso <strong>da</strong> carga e o calor <strong>de</strong> ontem.<br />

Além disso, a corrente está com uma folga e apanho as ferramentas<br />

para ajustá-la. Aí, solto um resmungo.<br />

─ Que é que há? ─ pergunta John.<br />

─ A rosca do parafuso <strong>da</strong> corrente espanou. Retiro o parafuso<br />

<strong>de</strong> ajuste, examinando as roscas.<br />

─ A culpa é minha, porque uma vez tentei fazer o ajuste sem<br />

afrouxar a porca do eixo. O parafuso está perfeito ─ digo, mostrando-o<br />

a John. ─ Parece que foi a rosca do quadro que espanou.<br />

John olha fixamente para a ro<strong>da</strong> durante muito tempo.<br />

─ Será que você consegue levá-la até a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

─ Claro que sim. Eu posso até seguir viagem com ela assim<br />

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