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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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cipar ativamente na aula, com uma boa vonta<strong>de</strong> pouco comum<br />

numa turma avalia<strong>da</strong> por notas. Os alunos B e C ficaram apavorados<br />

e começaram a apresentar trabalhos que pareciam ter sido<br />

cui<strong>da</strong>dosamente elaborados. Os alunos D e F passaram a entregar<br />

trabalhos razoáveis.<br />

Nas últimas semanas do semestre, época em que normalmente<br />

todo mundo já sabe qual vai ser a sua nota e assiste à aula<br />

meio adormecido, Fedro estava obtendo um grau <strong>de</strong> participação<br />

na sala <strong>de</strong> aula que mereceu a atenção dos outros professores. Os<br />

alunos B e C juntaram-se aos alunos A em <strong>de</strong>bates abertos, espontâneos<br />

e amistosos, que faziam a aula parecer uma festa anima<strong>da</strong>.<br />

Apenas os alunos D e F ficavam inativos, congelados nas c<strong>arte</strong>iras,<br />

completamente apavorados.<br />

O fenômeno do relaxamento <strong>da</strong>s tensões e do estabelecimento<br />

<strong>da</strong> camara<strong>da</strong>gem foi explicado mais tar<strong>de</strong> por dois alunos <strong>da</strong><br />

seguinte maneira:<br />

─ Muitos <strong>de</strong> nós nos reunimos fora <strong>de</strong> sala para tentar bolar<br />

um meio <strong>de</strong> acabar com esse sistema. Então, todo mundo resolveu<br />

que a melhor solução era imaginar que a gente ia ser reprovado,<br />

e ir em frente, fa<strong>zen</strong>do o máximo que podia. Aí começamos a nos<br />

acalmar. Se não fosse isso, a gente endoi<strong>da</strong>va.<br />

Os dois acrescentaram que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> se acostumarem, a situação<br />

passou a não parecer tão ruim e eles ficaram mais interessados<br />

nos assuntos; mas não fora fácil acostumar-se com o novo<br />

sistema.<br />

Ao final do semestre, os estu<strong>da</strong>ntes tinham <strong>de</strong> escrever um<br />

trabalho que avaliasse o sistema. Na época, nenhum <strong>de</strong>les sabia<br />

qual ia ser a sua nota. Cinqüenta e quatro por cento dos alunos<br />

eram contra o sistema. Trinta e sete por cento eram a favor, e nove<br />

por cento eram neutros.<br />

Em termos <strong>de</strong>mocráticos, o sistema não agra<strong>da</strong>va. A maioria<br />

dos estu<strong>da</strong>ntes, sem dúvi<strong>da</strong>, queria saber as notas ao longo do período.<br />

Mas quando Fedro anunciou os resultados, <strong>de</strong> acordo com<br />

a pauta ─ notas que não se distanciavam <strong>da</strong>s previstas nas aulas<br />

anteriores e nos testes <strong>de</strong> nivelamento ─ a coisa mudou <strong>de</strong> figura.<br />

Dois terços dos alunos nota A eram a favor do sistema, assim como<br />

meta<strong>de</strong> dos alunos B e C. E os alunos D e F con<strong>de</strong>naram-no por<br />

unanimi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Este resultado surpreen<strong>de</strong>nte confirmava um palpite que Fedro<br />

já tinha há muito tempo: os estu<strong>da</strong>ntes melhores e mais compenetrados<br />

eram os que menos interesse tinham em receber notas,<br />

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