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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos fatos que me ro<strong>de</strong>iam; mas Fedro era obviamente<br />

um platônico por temperamento, e quando as aulas começaram a<br />

tratar <strong>de</strong> Platão, ele ficou bastante aliviado. A Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>le e o<br />

Bem <strong>de</strong> Platão eram tão parecidos que, se não fosse por certas anotações<br />

<strong>de</strong>ixa<strong>da</strong>s por Fedro, eu pensaria que ambos eram a mesma<br />

coisa. Mas ele não concor<strong>da</strong>va, e mais tar<strong>de</strong> eu <strong>de</strong>scobri como era<br />

importante essa discordância.<br />

O curso sobre Análise <strong>de</strong> Idéias e Estudo <strong>de</strong> Métodos, porém,<br />

não pretendia estu<strong>da</strong>r a idéia platônica do Bem; estava empenhado<br />

em analisar a idéia platônica <strong>de</strong> retórica. A retórica, conforme<br />

Platão mostra <strong>de</strong> forma bastante clara, não está liga<strong>da</strong> ao Bem sob<br />

nenhum aspecto; a retórica é “o Mal”. Os retóricos são as pessoas<br />

que Platão mais o<strong>de</strong>ia, <strong>de</strong>pois dos tiranos.<br />

O primeiro dos Diálogos <strong>de</strong> Platão a ser lido é o Górgias; Fedro<br />

sente-se como se tivesse atingido seu objetivo. Finalmente, ele<br />

está on<strong>de</strong> queria.<br />

Até agora, ele sentia que vinha sendo impelido por forças que<br />

não compreendia ─ forças messiânicas. Os dias tornaram-se fantasmagóricos<br />

e incoerentes, exceto no tocante à Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Na<strong>da</strong><br />

importa a não ser a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> nova, impressionante e abaladora que<br />

ele vai apresentar, e que o mundo, goste ou não, tem a obrigação<br />

<strong>de</strong> aceitar.<br />

No diálogo, Górgias é um sofista com quem Sócrates dialoga.<br />

Sócrates sabe muito bem qual é a profissão <strong>de</strong> Górgias, e <strong>de</strong> que<br />

maneira ele a exerce, mas começa sua dialética <strong>da</strong>s Vinte Perguntas<br />

inquirindo em que consiste a retórica. Górgias respon<strong>de</strong> que<br />

ela diz respeito ao discurso. Em resposta a outra pergunta, afirma<br />

que ela visa à persuasão. Depois, a nova pergunta, respon<strong>de</strong> que<br />

o seu lugar natural são os tribunais e outras assembléias. E, em<br />

resposta a ain<strong>da</strong> outra pergunta, diz que versa sobre a justiça e<br />

a injustiça. Tudo isso, simplesmente a versão <strong>de</strong> Górgias sobre o<br />

que geralmente faziam os chamados sofistas, transforma-se então<br />

sutilmente, através <strong>da</strong> dialética socrática em coisa muito diferente.<br />

A retórica tornou-se um objeto, e todo objeto tem p<strong>arte</strong>s que se relacionam<br />

umas com as outras <strong>de</strong> maneira imutável. Sente-se claramente<br />

neste diálogo como o bisturi analítico <strong>de</strong> Sócrates retalha a<br />

<strong>arte</strong> <strong>de</strong> Górgias, reduzindo-a a pe<strong>da</strong>ços. Acima <strong>de</strong> tudo, percebe-se<br />

que esses pe<strong>da</strong>ços formam a base <strong>da</strong> <strong>arte</strong> <strong>da</strong> retórica aristotélica.<br />

Sócrates fora um dos ídolos <strong>da</strong> infância <strong>de</strong> Fedro, e ele ficou<br />

muito espantado e irritado <strong>de</strong> vê-lo participar <strong>de</strong> tal diálogo.<br />

Encheu as margens do texto <strong>de</strong> respostas suas, e <strong>de</strong>ve ter ficado<br />

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