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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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para o seu século, teria que seguir uma direção completamente<br />

inusita<strong>da</strong>.<br />

─ Por exemplo?<br />

─ Por exemplo, teria que a<strong>de</strong>ntrar os universos ultra-racionais.<br />

Acho que a razão mo<strong>de</strong>rna é semelhante àquela concepção<br />

medieval <strong>da</strong> terra chata. Se a gente se arriscar muito além <strong>da</strong>s<br />

fronteiras, corre o perigo <strong>de</strong> cair no abismo <strong>da</strong> loucura. E as pessoas<br />

morrem <strong>de</strong> medo disso. Acho que o medo <strong>da</strong> loucura é comparável<br />

ao medo que as pessoas sentiam <strong>de</strong> <strong>de</strong>spencar <strong>de</strong> cima <strong>da</strong><br />

terra. Ou ao medo dos hereges. Há uma analogia patente entre<br />

essas duas coisas.<br />

─ Acontece que a ca<strong>da</strong> ano que passa a nossa velha terra<br />

chata <strong>da</strong> razão convencional se torna mais ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> para li<strong>da</strong>r<br />

com nossas experiências, e isso está gerando um estado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

confusão. Em conseqüência, ca<strong>da</strong> vez mais pessoas ingressam em<br />

áreas irracionais do pensamento ─ ocultismo, misticismo, experiências<br />

com drogas e coisas semelhantes ─ porque sentem que a razão<br />

clássica já não sabe li<strong>da</strong>r com fatos que elas sabem ser reais.<br />

─ O que, exatamente, você enten<strong>de</strong> por razão clássica?<br />

─ É a razão analítica, a razão dialética. Razão que, às vezes,<br />

na universi<strong>da</strong><strong>de</strong>, é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> o único meio possível <strong>de</strong> compreensão.<br />

Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, você nunca teve que entendê-la. Ela sempre foi<br />

inteiramente falha em relação à <strong>arte</strong> abstrata. A <strong>arte</strong> não representativa<br />

é uma <strong>da</strong>s experiências radicais <strong>de</strong> que eu estou falando.<br />

Alguns a con<strong>de</strong>nam, porque ela não faz “sentido”. Mas o que está<br />

realmente errado não é a <strong>arte</strong>, é o “sentido”, o “sentido” clássico,<br />

que não po<strong>de</strong> captar a <strong>arte</strong> abstrata. As pessoas ficam procurando<br />

expansões <strong>da</strong> lógica que abranjam as conquistas artísticas mais<br />

recentes, mas as respostas não se encontram nesses prolongamentos,<br />

e sim nas raízes.<br />

Uma ventania furiosa sopra agora, vindo do alto <strong>da</strong> montanha.<br />

─ Os próprios gregos antigos ─ prossigo eu ─ , os inventores<br />

<strong>da</strong> razão clássica, não a usavam para prever o futuro. Faziam as<br />

previsões <strong>de</strong> acordo com o barulho do vento. Agora isso parece loucura.<br />

Mas como po<strong>de</strong>riam ser loucos os inventores <strong>da</strong> razão?<br />

DeWeese aperta os olhos.<br />

─ Como é que eles previam o futuro pelo vento?<br />

─ Não sei, talvez do mesmo modo pelo qual um pintor prevê o<br />

futuro <strong>de</strong> uma pintura ao olhar para a tela. E todo o nosso sistema<br />

<strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong>riva <strong>da</strong>quilo que eles conseguiram. Ain<strong>da</strong> esta-<br />

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