19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 22<br />

Na manhã seguinte, saímos do hotel revigorados, <strong>de</strong>spedimonos<br />

dos DeWeeses e rumamos para o norte, pegando a via expressa<br />

que sai <strong>de</strong> Bozeman. Os DeWeeses queriam que nos <strong>de</strong>morássemos<br />

mais um pouco, mas eu me <strong>de</strong>ixei dominar por uma curiosa ânsia<br />

<strong>de</strong> ir para o oeste, e prosseguir com o meu raciocínio. Hoje quero<br />

discorrer sobre uma pessoa <strong>da</strong> qual Fedro jamais ouviu falar,<br />

cujas obras estu<strong>de</strong>i bastante para preparar esta chautauqua. Ao<br />

contrário <strong>de</strong> Fedro, esse homem, já aos 35 anos, era conhecido internacionalmente,<br />

e aos 58 era um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro monstro sagrado, a<br />

que Bertrand Russell se referia como “por unanimi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o homem<br />

<strong>de</strong> ciência mais importante <strong>da</strong> sua geração”. Ele era, ao mesmo<br />

tempo, astrônomo, físico, matemático e filósofo. Seu nome: Jules<br />

Henri Poincaré.<br />

Sempre me pareceu inacreditável a idéia <strong>de</strong> que Fedro tivesse<br />

envere<strong>da</strong>do por mares nunca <strong>da</strong>ntes navegados. Alguém, em algum<br />

lugar, <strong>de</strong>via ter tido to<strong>da</strong>s aquelas idéias antes, e a mediocri<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

acadêmica <strong>de</strong> Fedro era tamanha, que fazia bem o estilo <strong>de</strong>le reproduzir<br />

os conceitos elementares <strong>de</strong> algum famoso sistema filosófico<br />

que ele não se <strong>de</strong>ra ao trabalho <strong>de</strong> examinar.<br />

Por isso, levei mais <strong>de</strong> um ano lendo a longuíssima e, por vezes,<br />

chatíssima história <strong>da</strong> filosofia, em busca <strong>de</strong> idéias repeti<strong>da</strong>s.<br />

No entanto, foi fascinante ler a história <strong>da</strong> filosofia <strong>de</strong>ssa maneira,<br />

e me ocorreu um pensamento do qual ain<strong>da</strong> não sei bem o que<br />

fazer. Os sistemas filosóficos que supostamente <strong>de</strong>veriam diferir<br />

bastante uns dos outros, em geral dizem coisas muito semelhantes<br />

ao que Fedro pensava, com variações mínimas. Muitas vezes pensei<br />

ter encontrado o homem que ele havia plagiado, mas sempre<br />

surgiam certas diferenças sutis que mostravam que ele seguia um<br />

caminho completamente oposto. Hegel, por exemplo, a quem já me<br />

referi, rejeitava os sistemas filosóficos hindus, consi<strong>de</strong>rando-os an-<br />

261

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!