19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

a Guerra Mundial, que estudou o comportamento <strong>de</strong> um oficial<br />

alemão capturado (idêntico a ele), por meio <strong>de</strong> um espelho <strong>de</strong> face<br />

transparente. Estudou-o durante meses, até saber imitar ca<strong>da</strong> gesto<br />

e variação <strong>da</strong> fala. Depois assumiu a personali<strong>da</strong><strong>de</strong> do oficial<br />

fugido para infiltrar-se no comando do exército alemão. Lembro-me<br />

<strong>da</strong> tensão e <strong>da</strong> emoção <strong>da</strong> cena em que ele enfrenta o primeiro teste,<br />

com os amigos íntimos do oficial, para ver se eles <strong>de</strong>scobririam<br />

a trama. Agora estou me sentindo assim em relação a DeWeese,<br />

que naturalmente pensará que eu sou a mesma pessoa que ele<br />

conhece.<br />

Lá fora, uma leve neblina ume<strong>de</strong>ceu as <strong>motocicletas</strong>. Retiro<br />

o visor do alforje, a<strong>da</strong>ptando-o ao capacete. Logo entraremos no<br />

parque Yellowstone.<br />

A estra<strong>da</strong> à nossa frente está encoberta pela neblina. Parece<br />

que uma nuvem penetrou no vale, que na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> não é um vale,<br />

parece um <strong>de</strong>sfila<strong>de</strong>iro.<br />

Eu não sei o quanto DeWeese o conhecia, e que lembranças<br />

espera que eu guar<strong>de</strong>. Já passei por essa situação com outras<br />

pessoas e geralmente consegui disfarçar nos momentos críticos. A<br />

ca<strong>da</strong> vez adquiri novos conhecimentos sobre Fedro, que aju<strong>da</strong>ram<br />

muito nas representações subseqüentes e que, através dos anos,<br />

forneceram a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos que venho revelando.<br />

Pelas lembranças que guardo, Fedro admirava DeWeese porque<br />

não conseguia compreendê-lo. Para Fedro, que quando não<br />

entendia uma coisa <strong>de</strong>senvolvia um incrível interesse por ela, as<br />

posições <strong>de</strong> DeWeese eram fascinantes. Pareciam to<strong>da</strong>s troca<strong>da</strong>s.<br />

Quando Fedro abor<strong>da</strong>va assuntos muito sérios, DeWeese punhase<br />

a rir, como se tivesse ouvido a pia<strong>da</strong> mais interessante <strong>da</strong> sua<br />

vi<strong>da</strong>. Outras vezes, Fedro dizia alguma coisa que pensava ser muito<br />

engraça<strong>da</strong> e DeWeese olhava-o <strong>de</strong> um jeito intrigado, ou o levava<br />

a sério.<br />

Por exemplo, lembro-me <strong>de</strong> uma certa mesa <strong>de</strong> jantar, cuja<br />

folha <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira estava se soltando nas bor<strong>da</strong>s, e que fora conserta<strong>da</strong><br />

por Fedro. Para segurar a folha no lugar enquanto a cola secava,<br />

ele enrolou um novelo inteiro <strong>de</strong> barbante em torno <strong>da</strong> mesa,<br />

<strong>da</strong>ndo várias voltas.<br />

Ao ver aquilo, DeWeese perguntou do que se tratava.<br />

─ É a minha mais recente escultura ─ brincou Fedro. ─ Causa<br />

impacto, não?<br />

141

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!