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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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lavras em outras bocas.<br />

Ao que parece, fragmentos dos escritos <strong>de</strong> outros pensadores<br />

antigos apresentavam juízos diferentes sobre os sofistas. Muitos<br />

dos sofistas mais velhos eram escolhidos como “embaixadores”<br />

<strong>de</strong> suas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o que não era cargo para <strong>de</strong>sprezar. Os próprios<br />

Platão e Sócrates eram também chamados sofistas, sem qualquer<br />

intenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrédito. Alguns historiadores mais recentes levantaram<br />

a hipótese <strong>de</strong> que Platão <strong>de</strong>testava os sofistas porque eles<br />

não podiam comparar-se a seu mestre, Sócrates, o maior <strong>de</strong> todos<br />

os sofistas. A Fedro, essa explicação pareceu <strong>de</strong>veras interessante,<br />

porém insatisfatória A gente não costuma abominar a escola <strong>de</strong><br />

que nosso próprio mestre faz p<strong>arte</strong>. Qual seria a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira intenção<br />

<strong>de</strong> Platão? Fedro leu ain<strong>da</strong> mais sobre os pré-socráticos,<br />

para <strong>de</strong>scobrir, e finalmente chegou à conclusão <strong>de</strong> que o ódio que<br />

Platão votava aos retóricos fazia p<strong>arte</strong> <strong>de</strong> um conflito muito mais<br />

amplo, no qual a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> do Bem, representa<strong>da</strong> pelos sofistas, e a<br />

reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, representa<strong>da</strong> pelos dialéticos, lutavam sem<br />

tréguas pela posse <strong>da</strong> mente humana. Como a Ver<strong>da</strong><strong>de</strong> venceu o<br />

Bem, hoje po<strong>de</strong>mos facilmente aceitar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

dificilmente aceitar a <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, embora não haja maior concordância<br />

numa área do que na outra.<br />

Para compreen<strong>de</strong>rmos como Fedro <strong>de</strong>duziu isto, é necessário<br />

prestar alguns esclarecimentos.<br />

Em primeiro lugar, <strong>de</strong>ve-se superar a idéia <strong>de</strong> que foi curto o<br />

tempo <strong>de</strong>corrido entre o último homem <strong>da</strong>s cavernas e os primeiros<br />

filósofos gregos. Como não há documentação correspon<strong>de</strong>nte a esse<br />

período, fica-se com essa impressão. Porém, antes que os filósofos<br />

gregos entrassem em cena, durante um período pelo menos cinco<br />

vezes maior do que o <strong>da</strong> história documenta<strong>da</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os filósofos<br />

gregos, existiam civilizações bastante avança<strong>da</strong>s; com povoados,<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, veículos, cavalos, feiras, campos cercados, implementos<br />

agrícolas e animais domésticos, essas pessoas levavam uma vi<strong>da</strong><br />

tão rica e varia<strong>da</strong> quanto a dos habitantes <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s zonas<br />

rurais contemporâneas. E, assim como esses habitantes, eles não<br />

viam por que documentar isso, ou, se viam, escreveram textos que<br />

jamais foram encontrados. Assim, na<strong>da</strong> sabemos sobre eles. A I<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Média apenas retomou um estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> natural que fora momentaneamente<br />

interrompido pelos gregos.<br />

A filosofia grega primitiva representou a primeira busca consciente<br />

do eterno nos domínios humanos. Até aquela época, o eterno<br />

residia no âmbito dos <strong>de</strong>uses e dos mitos. Agora, porém, os gregos<br />

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