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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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per<strong>de</strong> o fôlego, fica tonto. E isso faz a gente <strong>de</strong>sanimar e achar que<br />

não vai conseguir. Portanto, trate <strong>de</strong> ir com mais calma.<br />

─ Vou ficar atrás <strong>de</strong> você ─ resolve ele.<br />

─ Está bem.<br />

Afastamo-nos do regato que estávamos seguindo, e começamos<br />

a subir a encosta do <strong>de</strong>sfila<strong>de</strong>iro na p<strong>arte</strong> em que o ângulo <strong>de</strong><br />

inclinação é menor.<br />

Deve-se escalar montanhas com o mínimo <strong>de</strong>sperdício possível<br />

<strong>de</strong> energia e sem <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> chegar a algum lugar. Nossa natureza<br />

é que <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>terminar a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> escala<strong>da</strong>. Se a gente estiver<br />

impaciente, po<strong>de</strong>-se apertar o passo. Se ficar sem fôlego, convém<br />

ir com mais calma. A montanha <strong>de</strong>ve ser escala<strong>da</strong> num equilíbrio<br />

entre a disposição e o cansaço. Aí, quando a gente não estiver mais<br />

pensando no que vai encontrar, ca<strong>da</strong> passo será não um meio para<br />

alcançar um fim, mas um acontecimento em si mesmo. Esta folha<br />

tem bor<strong>da</strong>s recorta<strong>da</strong>s. Esta pedra parece que está solta. Deste lugar<br />

não se po<strong>de</strong> ver bem a neve, embora estejamos mais próximos<br />

<strong>de</strong>la. São coisas que vamos percebendo, <strong>de</strong> um modo ou <strong>de</strong> outro.<br />

Viver somente para alcançar um objetivo futuro é mesquinho A<br />

vi<strong>da</strong> floresce nas encostas <strong>da</strong> montanha, não nos cumes. Aqui é<br />

que nascem os seres vivos.<br />

Mas é claro que sem o cume, as encostas não existiriam. É o<br />

cume que <strong>de</strong>fine as encostas. Portanto, nós prosseguimos... Ain<strong>da</strong><br />

temos muito que an<strong>da</strong>r... Na<strong>da</strong> <strong>de</strong> pressa... Um passo <strong>de</strong>pois do<br />

outro... Divertindo-nos com uma chautauqua. Meditar é tão mais<br />

interessante do que ver televisão! É uma pena que as pessoas não<br />

meditem mais. Provavelmente acreditam que aquilo que ouvem não<br />

tem importância, mas geralmente tem.<br />

Tenho arquiva<strong>da</strong> na memória uma compri<strong>da</strong> lembrança relaciona<strong>da</strong><br />

à aula posterior àquela em que Fedro passou para casa<br />

o trabalho sobre a Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O clima estava insuportável. Quase<br />

todos se sentiam tão frustrados e irritados quanto ele, em relação<br />

à pergunta.<br />

─ Como é que a gente vai saber o que é Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>? ─ perguntavam.<br />

─ É o senhor que tem <strong>de</strong> explicar isso para a gente!<br />

Então ele lhes confessou que também não sabia, e que gostaria<br />

muito <strong>de</strong> saber. Havia-lhes <strong>da</strong>do aquele tema na esperança <strong>de</strong><br />

que alguém lhe fornecesse uma boa resposta.<br />

Aquilo foi a gota d’água. A sala foi sacudi<strong>da</strong> por um clamor<br />

<strong>de</strong> indignação. Pouco antes <strong>de</strong> terminar a zoeira, outro professor<br />

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