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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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nosso conhecimento é adquirido através dos sentidos, precisaremos<br />

perguntar <strong>de</strong> quais <strong>da</strong>dos sensoriais provém nosso conhecimento<br />

<strong>da</strong> causação. Em outras palavras, qual é a base científica<br />

empírica <strong>da</strong> causação em si?<br />

A resposta <strong>de</strong> Hume é: “Nenhuma.” Não há provas que indiquem<br />

a existência <strong>da</strong> causação do ponto <strong>de</strong> vista sensorial. Como<br />

a substância, ela é apenas algo que imaginamos quando uma coisa<br />

se suce<strong>de</strong> a outra com freqüência. Não existe concretamente no<br />

mundo <strong>da</strong> experiência. Se aceitarmos a premissa <strong>de</strong> que adquirimos<br />

todo o conhecimento através dos sentidos, segundo Hume,<br />

concluiremos, logicamente, que tanto a “natureza” quanto as “leis<br />

<strong>da</strong> natureza” são frutos <strong>da</strong> nossa imaginação.<br />

Esta idéia <strong>de</strong> que o mundo inteiro está contido na nossa mente<br />

po<strong>de</strong>ria ser rejeita<strong>da</strong> como absur<strong>da</strong>, se Hume a houvesse lançado<br />

por pura especulação. Mas ele construiu a idéia com tal rigor<br />

que praticamente fechou a questão.<br />

Era necessário refutar a posição <strong>de</strong> Hume, mas infelizmente<br />

ele havia chegado àquelas conclusões <strong>de</strong> um modo tal que parecia<br />

impossível refutá-las sem abandonar a razão empírica propriamente<br />

dita, e envere<strong>da</strong>r por algum tipo <strong>de</strong> raciocínio pré-empírico medieval.<br />

Kant não fez isso. Assim, segundo o próprio Kant, foi Hume<br />

que o “<strong>de</strong>spertou <strong>da</strong> letargia dogmática” e o motivou a escrever<br />

aquele que é hoje consi<strong>de</strong>rado um dos maiores tratados filosóficos<br />

já produzidos, a Crítica <strong>da</strong> razão pura, que muitas vezes já serviu<br />

<strong>de</strong> tema para cursos monográficos.<br />

Kant tenta preservar o empirismo científico, salvando-o <strong>da</strong>s<br />

conseqüências <strong>de</strong> sua própria lógica auto<strong>de</strong>voradora. Ele começa<br />

seguindo o caminho aberto por Hume. “Não há dúvi<strong>da</strong> <strong>de</strong> que todo<br />

saber começa com a experiência”, diz Kant, <strong>de</strong>sviando-se, porém,<br />

do caminho ao negar que todos os componentes do saber <strong>de</strong>rivam<br />

dos sentidos no momento em que se recebem os <strong>da</strong>dos sensoriais.<br />

“Mas embora todo conhecimento comece com a experiência, não se<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir que ele provenha <strong>da</strong> experiência.”<br />

A princípio, parece que ele está catando minúcias, mas não<br />

é na<strong>da</strong> disso. Em conseqüência <strong>de</strong>sta diferença, Kant contorna o<br />

abismo do solipsismo a que conduz o caminho <strong>de</strong> Hume e prossegue<br />

trilhando uma vere<strong>da</strong> própria, inteiramente nova e <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>.<br />

Kant diz que existem certos aspectos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que não<br />

são diretamente fornecidos pelos <strong>da</strong>dos sensoriais. Ele os chama<br />

<strong>de</strong> a priori.<br />

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