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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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tendo <strong>de</strong> frente, e umas carretas enormes na pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sci<strong>da</strong>. Por<br />

causa dos morros, a estra<strong>da</strong> é uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira montanha-russa,<br />

freando as carretas na subi<strong>da</strong> e acelerando-as na <strong>de</strong>sci<strong>da</strong>. As curvas<br />

limitam ain<strong>da</strong> mais nossa visibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, e por isso, ca<strong>da</strong> vez que<br />

temos que ultrapassar uma carreta, ficamos apavorados. A primeira<br />

que surgiu me pregou um tremendo susto, pois eu estava<br />

<strong>de</strong>sprevenido. Agora agüento firme e me preparo para elas. Não há<br />

perigo. Só um impacto que percorre os nervos <strong>da</strong> gente. O tempo<br />

começa a ficar mais quente e seco.<br />

Ao pararmos em Herreid, John <strong>de</strong>saparece para tomar uma<br />

bebi<strong>da</strong>, enquanto Sylvia, Chris e eu procuramos uma sombra num<br />

parque para <strong>de</strong>scansar. Mas o lugar não é acolhedor. Alguma coisa<br />

mudou, eu não sei bem o quê. As ruas <strong>de</strong>sta ci<strong>da</strong><strong>de</strong> são muito<br />

mais largas do que o necessário, e há uma nuvem <strong>de</strong> poeira pairando<br />

no ar. Espalhados entre os edifícios, vêem-se terrenos baldios<br />

tomados pelo mato. Os armazéns metálicos <strong>de</strong> equipamentos e a<br />

caixa d’água são semelhantes aos <strong>da</strong>s outras ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s pelas quais<br />

passamos, mas ficam mais dispersos. Tudo aqui é mais abandonado,<br />

monótono e situado <strong>de</strong> maneira meio aleatória. Agora ninguém<br />

mais se preocupa em manter tudo organizado e arrumadinho. A<br />

terra já não vale na<strong>da</strong>. Estamos numa ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Oeste.<br />

Almoçamos hambúrgueres e Ovomaltine numa lanchonete<br />

em Mobridge, enfrentamos o tráfego pesado <strong>da</strong> rua principal e <strong>de</strong>pois<br />

avistamos, ao pé do morro, o rio Missouri. É esquisito ver<br />

aquela água to<strong>da</strong> correndo entre margens cobertas <strong>de</strong> capim que<br />

quase não recebem água nenhuma. Volto-me e lanço um olhar a<br />

Chris, que, no entanto, parece não estar muito interessado no assunto.<br />

Descemos o morro e, com um solavanco, entramos na ponte<br />

e a atravessamos, olhando o rio através dos intervalos entre as vigas<br />

que passam ritmicamente.<br />

Ao chegarmos à margem oposta, iniciamos longa subi<strong>da</strong><br />

rumo a uma região diferente.<br />

Já não restam mais cercas. Não há arbustos, nem árvores.<br />

A curvatura dos morros é tão extensa que a moto <strong>de</strong> John parece<br />

uma formiguinha perdi<strong>da</strong> no meio <strong>da</strong>quela ondulação ver<strong>de</strong>. Acima<br />

<strong>da</strong> ondulação, afloramentos rochosos <strong>de</strong>bruçam-se no alto, do pico<br />

dos penhascos.<br />

Aqui existe uma or<strong>de</strong>m natural. Se esta terra fosse abandona<strong>da</strong>,<br />

teria uma aparência gasta e maltrapilha, com remanescentes<br />

<strong>de</strong> velhos alicerces <strong>de</strong> concreto, <strong>de</strong> arame e <strong>de</strong> placas pinta<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

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