19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

nos, é o que me parece.<br />

Por isso, tive que voltar atrás e falar <strong>da</strong> separação entre clássico<br />

e romântico, que, segundo penso, está na raiz <strong>de</strong> to<strong>da</strong> essa<br />

questão do humanismo versus tecnologia. Isto, porém, também<br />

exigiu uma regressão, para que se esclarecesse o significado <strong>da</strong><br />

Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Contudo, para compreen<strong>de</strong>r o significado <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> em<br />

termos clássicos, foi necessário voltar para a metafísica e para a<br />

sua relação com a vi<strong>da</strong> cotidiana. Para fazermos isso, foi preciso<br />

recuar mais ain<strong>da</strong>, penetrando na área que estabelece a relação<br />

entre a metafísica e a vi<strong>da</strong> cotidiana, ou seja, o raciocínio formal.<br />

Então eu, partindo <strong>da</strong> razão formal, cheguei à metafísica, <strong>de</strong>pois à<br />

Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e, a partir <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, voltei à metafísica e à ciência.<br />

Agora iremos <strong>da</strong> ciência até a tecnologia, e, segundo creio, ao<br />

final estaremos no lugar <strong>de</strong> on<strong>de</strong> eu queria começar.<br />

Mas agora já po<strong>de</strong>mos lançar mão <strong>de</strong> alguns conceitos que<br />

alteram bastante a compreensão total <strong>da</strong>s coisas. A Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é<br />

a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> científica. A Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é o objetivo <strong>da</strong> Arte. Resta-nos<br />

trabalhar com esses conceitos num contexto prático e concreto, e,<br />

para tanto, na<strong>da</strong> melhor do que aquilo <strong>de</strong> que venho falando a viagem<br />

inteira ─ a <strong>manutenção</strong> <strong>de</strong> uma motocicleta velha.<br />

Esta estra<strong>da</strong> continua <strong>de</strong>scendo, coleante, através do <strong>de</strong>sfila<strong>de</strong>iro.<br />

O sol matinal matiza a paisagem ao nosso redor. A motocicleta<br />

zune, através do ar frio e dos pinheiros <strong>da</strong> montanha; passamos<br />

por uma plaqueta que informa a existência <strong>de</strong> uma lanchonete a<br />

um quilômetro e meio <strong>da</strong>qui.<br />

─ Você está com fome? ─ grito eu.<br />

─ Estou! ─ respon<strong>de</strong> Chris.<br />

Logo avistamos um segundo cartaz, on<strong>de</strong> se lê CABANAS,<br />

sob o qual há uma seta, indicando a esquer<strong>da</strong>. Diminuímos a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

fazemos a conversão e seguimos uma estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> terra até<br />

chegarmos a algumas cabanas <strong>de</strong> tronco envernizado, à sombra <strong>de</strong><br />

umas árvores. Estacionamos a moto sob uma <strong>da</strong>s árvores, <strong>de</strong>sligamos<br />

o motor, fechamos a gasolina e entramos na casa principal.<br />

As botas <strong>de</strong> motociclista produzem um som agradável ao baterem<br />

contra o assoalho <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Sentamo-nos a uma mesa coberta<br />

por uma toalha e pedimos ovos, bolinhos quentes, xarope <strong>de</strong> bordo,<br />

leite, lingüiça e suco <strong>de</strong> laranja. Aquele vento nos <strong>de</strong>u um senhor<br />

apetite.<br />

─ Estou com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever para a mamãe ─ informa<br />

279

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!