19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

tamente fora <strong>da</strong> alça<strong>da</strong> do método científico.<br />

Continuamos a <strong>de</strong>scer pela garganta, passando por fen<strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong>s encostas íngremes, por on<strong>de</strong> penetram vários córregos. Notamos<br />

que agora o rio está engrossando rápido, <strong>de</strong>vido à quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> água que recebe dos tributários. Aqui as curvas <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> são<br />

menos fecha<strong>da</strong>s, as retas são mais longas. Engreno a última marcha.<br />

Logo as árvores começam a escassear e a tornar-se esguias, e<br />

entre elas surgem gran<strong>de</strong>s áreas cobertas <strong>de</strong> capim e plantas rasteiras.<br />

Está quente <strong>de</strong>mais para continuarmos <strong>de</strong> blusão e suéter.<br />

Paro no acostamento, para tirar os agasalhos.<br />

Chris quer subir por uma trilha e eu lhe dou permissão,<br />

sentando-me numa sombrinha para <strong>de</strong>scansar. Fico em silêncio,<br />

refletindo.<br />

Perto <strong>de</strong> on<strong>de</strong> estou há um painel que <strong>de</strong>screve um incêndio<br />

acontecido aqui anos atrás. Segundo as informações, a floresta<br />

está se recuperando, mas vai levar anos para voltar a ser como era<br />

antes.<br />

Mais tar<strong>de</strong>, o barulhinho do cascalho indica que Chris está<br />

voltando. Não chegou a ir muito longe. Ao chegar, vai di<strong>zen</strong>do:<br />

─ Vamos embora.<br />

Voltamos a amarrar a bagagem, que estava escorregando um<br />

pouco, e <strong>de</strong>pois retomamos a estra<strong>da</strong>. O suor do movimento logo<br />

seca sob a ação do vento.<br />

Estamos ain<strong>da</strong> empacados naquele parafuso; a única maneira<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>semperrá-lo é abandonar <strong>de</strong>finitivamente o método científico<br />

tradicional. Insistir em utilizá-lo não vai adiantar na<strong>da</strong>. Temos<br />

é que examinar o método científico, mas à luz <strong>de</strong>ste parafuso empacado.<br />

Até agora, encaramos o parafuso <strong>de</strong> uma forma “objetiva”; <strong>de</strong><br />

acordo com a doutrina <strong>da</strong> “objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>”, inerente ao método científico<br />

tradicional, nosso gosto pessoal a respeito do parafuso na<strong>da</strong><br />

tem com o curso correto dos nossos pensamentos. Não <strong>de</strong>vemos<br />

julgar o que vemos. Vamos fazer <strong>da</strong> nossa cabeça uma tabula rasa,<br />

que a natureza preencherá para nós, e <strong>de</strong>pois raciocinar <strong>de</strong>sinteressa<strong>da</strong>mente<br />

sobre os fatos observados...<br />

Mas, se pararmos para pensar sobre o caso <strong>de</strong>sinteressa<strong>da</strong>mente,<br />

em termos <strong>de</strong>ste parafuso emperrado, começaremos a perceber<br />

como é ridícula essa história <strong>de</strong> raciocínio <strong>de</strong>sinteressado.<br />

283

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!