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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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Chris se distrai usando a <strong>de</strong>le. As mochilas aumentam o peso <strong>da</strong><br />

p<strong>arte</strong> superior do corpo, e as varas impe<strong>de</strong>m que se caia <strong>de</strong> costas.<br />

Primeiro a gente firma um pé, <strong>de</strong>pois a bengala, <strong>de</strong>pois sobe,<br />

GIRANDO, apoiado na bengala, respira três vezes, <strong>de</strong>pois firma o<br />

outro pé, a bengala, <strong>de</strong>pois GIRA o corpo...<br />

Não sei se ain<strong>da</strong> tenho assunto para a chautauqua <strong>de</strong> hoje.<br />

Minha cabeça fica enevoa<strong>da</strong> a essa hora <strong>da</strong> tar<strong>de</strong>... Talvez eu consiga<br />

pelo menos fazer um resumo, e <strong>de</strong>pois encerro a sessão.<br />

Há muito tempo, quando começamos esta estranha viagem,<br />

comentei que John e Sylvia pareciam estar fugindo <strong>de</strong> alguma misteriosa<br />

força mortal que, segundo eles, era personifica<strong>da</strong> pela tecnologia:<br />

disse também que nessa fuga eles tinham muita companhia.<br />

Depois observei que mesmo algumas <strong>da</strong>s pessoas envolvi<strong>da</strong>s com<br />

a tecnologia pareciam estar evitando-a. A razão básica <strong>de</strong>sse comportamento<br />

seria a <strong>de</strong> que eles a encaravam <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista<br />

emocional, preocupando-se com a aparência imediata <strong>da</strong>s coisas,<br />

ao passo que eu me preocupava com a forma subjacente. Chamei<br />

<strong>de</strong> romântico o estilo <strong>de</strong> John, e o meu chamei <strong>de</strong> clássico. Na gíria<br />

dos anos sessenta, o estilo <strong>de</strong>le seria “ligado” e o meu, “careta”.<br />

Depois, começamos a penetrar nesse mundo careta, para ver o que<br />

o fazia funcionar. Debateram-se <strong>da</strong>dos, classificações, hierarquias,<br />

causa e efeito, análise, e, no meio disso tudo, mencionou-se um<br />

punhado <strong>de</strong> areia, o mundo do qual temos consciência, tirado <strong>da</strong><br />

infindável paisagem <strong>da</strong> consciência que nos cerca. Eu disse que<br />

esse punhado <strong>de</strong> areia é trabalhado por um processo <strong>de</strong> discriminação,<br />

e dividido em p<strong>arte</strong>s. A compreensão clássica, careta, se encarrega<br />

<strong>de</strong> formar os montículos <strong>de</strong> areia, <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a natureza<br />

dos grãos e a base <strong>de</strong> seleção e <strong>de</strong> correlação.<br />

A recusa <strong>de</strong> Fedro em <strong>de</strong>finir Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, em termos <strong>da</strong> mesma<br />

analogia, foi uma tentativa para romper as ca<strong>de</strong>ias do método<br />

<strong>de</strong> entendimento clássico, que seleciona os grãos <strong>de</strong> areia, e <strong>de</strong><br />

encontrar um ponto comum entre o mundo clássico e o mundo<br />

romântico. A Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, o termo <strong>de</strong> clivagem entre “ligados” e “caretas”,<br />

parecia ser esse ponto em comum. Era usado em ambos os<br />

mundos. Ambos sabiam o que era Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Só que os românticos<br />

<strong>de</strong>ixavam a Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> em paz, apreciando-a pelo que ela era, e os<br />

clássicos tentavam transformá-la num conjunto <strong>de</strong> tijolos intelectuais,<br />

para outros propósitos. Agora que a Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> era in<strong>de</strong>finível,<br />

a mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> clássica seria força<strong>da</strong> a encará-la do mesmo<br />

modo que os românticos, sem distorções causa<strong>da</strong>s pelas estrutu-<br />

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