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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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vontade de Deus. Na realidade, parece que o tentador desempenha um papel no teste a<br />

que Deus submete a fidelidade de nossos primeiros genitores.<br />

Esse adversário aparece noutro drama importante no Antigo Testamento. No prólogo<br />

do Livro de Jó, questiona o Senhor no tocante à fidelidade de seu servo. E o Senhor dá-lhe<br />

licença para infligir os mais indescritíveis sofrimentos ao patriarca, ainda que dentro de<br />

certos limites. E este livro revela como Jó busca a Deus no meio das provações, e termina<br />

quando o Senhor lhe aparece de modo dramático (Jó 38). Por meio de uma série de<br />

perguntas, o Senhor leva Jó a aceitar o mistério da soberania divina sobre o mundo bem<br />

como sobre todos os assuntos da vida, por mais complexos que se mostrem. Só que, desta<br />

vez, o adversário não aparece. A verdade é que este não tem nenhum papel a<br />

desempenhar no Livro de Jó depois dos primeiros capítulos. Se Jó lutava, não era contra<br />

Satanás, mas com Deus.<br />

Mesmo assim, Satanás e as forças das trevas não funcionam como mansos animais de<br />

estimação nas cortes celestiais, nem meramente como ferramentas do Senhor para provar<br />

a humanidade. Tanto em Gênesis quanto no prólogo de Jó, o adversário levanta genuína<br />

oposição contra a vontade de Deus à humanidade. O Livro de Daniel até retrata a batalha<br />

entre "o príncipe do reino da Pérsia" e um mensageiro angelical enviado para ministrar ao<br />

profeta (Dn 10.13). Embora Daniel não tivesse nenhum papel a desempenhar na batalha,<br />

as forças sinistras, por trás do reino persa, levantam séria oposição contra a mensagem<br />

que Deus lhe enviava. Deus é soberano, mas essa soberania não elimina a oposição que<br />

Satanás move contra a sua vontade.<br />

A VITÓRIA DE DEUS SOBRE SATANÁS E os DEMÔNIOS<br />

SATANÁS E OS DEMÔNIOS DO NOVO TESTAMENTO<br />

Em contraste com a atenção relativamente pequena que o Antigo Testamento dedica à<br />

derrota das forças das trevas, os Evangelhos impressionam-nos com a ênfase que dedica à<br />

questão. Aliás, tal ênfase já fora dada na literatura intertestamentária, que levou a alguns a<br />

especular a respeito da possível influência do dualismo persa. 55 Mas teologicamente<br />

falando, a implicação é que o aumento da atenção dada à derrota dos demônios nos<br />

Evangelhos deve-se à revelação prévia da graça e da verdade na vinda de Jesus Cristo (Jo<br />

1.14). Realmente, a chegada da luz a este mundo tornou visíveis às obras das trevas (Jo<br />

3.19-21). Isso significa que a derrota das trevas somente pode ser entendida à luz da graça<br />

e da libertação divina. Não estudamos as forças das trevas a fim de descobrir as riquezas<br />

da graça de Deus. Muito pelo contrário: o enfoque deve recair nas riquezas da graça<br />

divina, que hão de desmascarar os logros e enganos pregados pelas vozes das trevas.<br />

Jesus confrontava seus ouvintes com a asseveração estonteante de que o Reino de<br />

Deus já tinha irrompido para lançar luzes sobre esse conflito, e levá-lo a uma virada decisiva.<br />

Declarou: "Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é<br />

conseguintemente chegado a vós o Reino de Deus" (Mt 12.28). Satanás procurou tentar a<br />

Jesus a comprovar a sua identidade messiânica, de maneira a fazê-lo desobedecer à<br />

vontade do Pai, mas o Senhor permaneceu fiel. As numerosas referências à expulsão de<br />

demônios por Jesus, inclusive relatos detalhados (Mc 1.23-28; 5.1-20; 7.24-30; 9.14-29),<br />

bem como a acusação feita por seus oponentes de que Ele expulsava os demônios<br />

mediante o poder de Satanás (Mt 12.27-28), são evidências de que Ele derrotava<br />

publicamente os espíritos demoníacos, sendo este um dos aspectos do seu ministério. 56<br />

Assim como Jesus acalmou os mares tempestuosos mediante a sua palavra soberana em<br />

Marcos 4.35-41, também ordenou que a legião de demônios saísse do endemoninhado<br />

gadareno (Mc 5.1-20).<br />

Posteriormente, a proclamação apostólica fez da morte e ressurreição de Cristo o<br />

cumprimento da vitória de Jesus sobre as forças das trevas (1 C 2.6-8; Cl 2.14-15; Hb

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