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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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supremacia das Escrituras, já nos tempos da Reforma, a Santa Sé tinha exaltado suas<br />

tradições até ao nível das Escrituras. De modo ainda mais significante, a Igreja Católica<br />

insistia poderem os ensinos da Bíblia ser mediados, corretamente, através da hierarquia<br />

eclesiástica. De modo sutil, a Igreja Romana havia usurpado a autoridade das Escrituras,<br />

atribuindo-a aos seus próprios ensinos internos. Como consequência, o lema dos<br />

reformadores protestantes passou a ser Sola Scriptura (Somente a Escritura). A Bíblia,<br />

outorgada por Deus, fala com a autoridade de Deus, diretamente ao indivíduo. "Não<br />

precisa de Papas nem de Concílios para informar-nos o seu real sentido, como se falassem<br />

em nome de Deus; a Bíblia pode até mesmo desafiar os pronunciamentos de Papas e<br />

Concílios, condená-los como ímpios e falsos, e exigir que os fiéis se apartem deles". 60<br />

Os credos, as confissões e outros padrões esclesiásticos de doutrina, às vezes chegam,<br />

consciente ou inconscientemente, a rivalizar com a autoridade das Escrituras. No decurso<br />

da história, igrejas e líderes têm se pronunciado (e com razão) a respeito de questões<br />

importantes da vida e da doutrina cristãs. Pessoas piedosas, grandemente usadas por<br />

Deus, têm labutado para definir padrões de doutrina e comportamento cristãos, visando<br />

refletir a atitude e a vontade de Deus. Repetidas vezes, houve apelo a esses documentos<br />

na busca de orientação autorizada. Mas sem dúvida, os escritores seriam os primeiros a<br />

reconhecer serem as obras falíveis e passíveis de revisão, embora se reconheça facilmente<br />

a erudição bíblica relevante por detrás desses importantes escritos. Além disso, todos os<br />

grandes credos da Igreja reconhecem a plena autoridade da Escritura. Os esforços<br />

piedosos merecem a nossa estima. Deus os tem usado para a sua glória. Devem, contudo,<br />

ser conservados dentro do seu relacionamento apropriado com as Escrituras. Permitir que<br />

se rivalizem com a autoridade bíblica destruirá seu próprio valor normativo, e rebaixará a<br />

Palavra de Deus que tanto desejam honrar. O reconhecimento da autoridade<br />

incomparável das Escrituras estabelece o valor dos credos e confissões.<br />

A autoridade da Escritura também tem sido desafiada por aquilo que alguns estimam<br />

como a autoridade do encontro pessoal que o indivíduo tem com Deus. Isto é: o encontro<br />

supremo entre a pessoa e o Verbo Vivo, e não com a Palavra Escrita. Os que sustentam tal<br />

opinião dizem que a Bíblia pode ser usada para ajudar a levar a efeito semelhante encontro;<br />

a Bíblia, porém, "não tem autoridade por si só mas, sim, em virtude do Deus de<br />

quem dá testemunho e fala nas suas páginas". 61 Os teólogos existencialistas acreditam<br />

que, mediante um encontro com Deus, "a Bíblia deve tornar-se repetidas vezes a sua<br />

Palavra para nós". 62<br />

É verdade que a autoridade do cristão é mais do que papel e tinta, mas "a revelação<br />

proposicional de Deus não pode ser distinguida da auto-revelação divina". 63 Nenhum<br />

encontro autoritativo com Deus supera a autoridade de sua Palavra escrita. Doutra forma:<br />

a "experiência de Deus" dos místicos hindus, ou de quem usa drogas psicotrópicas,<br />

poderia reivindicar igual autoridade. A validez de nosso encontro com Deus é<br />

determinada pela autoridade das Escrituras que o revelam. Todas as experiências pessoais<br />

devem ser averiguadas e avaliadas pelas Escrituras.<br />

Até mesmo o Espírito Santo tem sido considerado por alguns como um rival da<br />

autoridade bíblica. O Dr. Martyn Lloyd-Jones entende que o pentecostalismo e o<br />

catolicismo romano ficam em extremos opostos nas áreas tais como a estrutura e a<br />

hierarquia, mas são muito semelhantes na ênfase que dão à autoridade. O catolicismo<br />

enfatiza a autoridade da Igreja, ao passo que alguns pentecostais parecem realçar a<br />

autoridade do Espírito acima da autoridade da Palavra. 64 Erickson cita uma pesquisa de<br />

opinião pública feita pela Gallup, em 1979, que revelou que não eram poucas as pessoas<br />

que, entre 18 e 29 anos de idade, haviam escolhido o Espírito Santo, ao invés da Bíblia,<br />

como sua autoridade religiosa principal. 65 Alguns enaltecem uma "impressão direta" do<br />

Espírito Santo, ou uma manifestação do Espírito, tal como a profecia, acima da Palavra<br />

escrita. 66 O Espírito Santo é aquele que inspirou a Palavra e que lhe concede autoridade.<br />

Ele nada falará contrário àquilo que a Palavra inspirada declara, e nada além disso.

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