17.02.2017 Views

Teologia Sistemática - Stanley Horton

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

omano do século IV, a hierarquia religiosa foi subindo de categoria. A medida que era<br />

aumentada a autoridade e o controle dos clérigos (especialmente dos bispos), diminuía a<br />

importância e a participação dos leigos. Dessa maneira, a Igreja se tornava cada vez mais<br />

institucionalizada e menos dependente do poder e orientação do Espírito Santo. O poder<br />

do bispo de Roma e da igreja sob seu controle foi crescendo, de modo que, próximo do<br />

fim da Era Antiga, a posição de papa e a autoridade da organização, que começava a ser<br />

chamada Igreja Católica Romana, se solidificaram na Europa Ocidental. A Igreja<br />

ocidental, no entanto, separou-se e permaneceu sob a direção de bispos chamados "patriarcas".<br />

Na Idade Média, a Igreja continuava seguindo em direção à formalidade e ao<br />

institucionalismo. O papado procurava exercer sua autoridade, não somente em questões<br />

espirituais mas também nos assuntos temporais. Muitos papas e bispos tentaram<br />

"espiritualizar" esse período da história, no qual imaginavam o Reino de Deus (ou a Igreja<br />

Católica Romana) espalhando sua influência e regulamentos por toda a Terra. Tal atitude<br />

resultou numa tensão constante entre os governantes seculares e os papas pela<br />

manutenção do controle. Não obstante, com poucas exceções, o papado mantinha a<br />

supremacia em quase todas as áreas da vida.<br />

É certo que nem todos aceitaram a crescente seculariza-ção da Igreja e sua aspiração<br />

de cristianizar o mundo. Houve algumas tentativas notáveis de reformar a Igreja, na Idade<br />

Média, e de recolocá-la no caminho da verdadeira espiritualidade. Vários movimentos<br />

monásticos (por exemplo, os cluníacos do século X e os franciscanos do século XIII) e até<br />

mesmo leigos (os albigenses e os valdenses, ambos do século XII) fizeram esforços nesse<br />

sentido. Figuras de destaque, como os místicos Bernardo de Clarival (século XII) e<br />

Catarina de Siena (século XIV) e clérigos católicos, como John Wycliffe (século XIV) e<br />

João Hus (final do século XIV, início do século XV) procuravam livrar a Igreja Católica<br />

de seus vícios e corrupção e devolvê-la aos padrões e princípios da Igreja do Novo<br />

Testamento. A Igreja de Roma, no entanto, rejeitava de modo geral essas tentativas de<br />

reforma. Ao contrário, tornava-se cada mais endurecida na doutrina e institucionalizada<br />

na tradição. Semelhante atitude tornou quase inevitável a Reforma Protestante.<br />

No século XVI, surgiram grandes reformadores que tomaram a dianteira na<br />

revolução da Igreja: Martinho Lutero, Ulrich Zuínglio, João Calvino e João Knox, entre<br />

outros. Juntamente com seus seguidores, compartilhavam de muitas das mesmas idéias<br />

dos reformadores que os antecederam. Entendiam que Cristo, e não o papa, era o<br />

verdadeiro cabeça da Igreja; as Escrituras, e não a tradição da Igreja, eram a verdadeira<br />

base da autoridade espiritual; e a fé somente, e não as obras, era essencial para a salvação.<br />

A Renascença ajudara a preparar o caminho para a introdução e aceitação dessas idéias,<br />

que haviam sido plenamente aceitas na Igreja do século I mas que agora pareciam<br />

radicais, na Igreja do século XVI. Os reformadores tinham opiniões diferentes entre si no<br />

tocante a muitas das doutrinas e práticas específicas do Cristianismo, como as ordenanças<br />

e o governo da Igreja, conforme estudaremos em seções posteriores deste capítulo. Mas<br />

todos eles tinham em comum uma paixão pela volta à fé e prática bíblicas.<br />

Nos séculos depois da Reforma (ou era da pós-Reforma), os indivíduos e as<br />

organizações têm seguido direções as mais variadas na tentativa de aplicar sua<br />

interpretação do cristianismo neotestamentário. Infelizmente, alguns têm repetido erros<br />

do passado, enfatizando os rituais e o formalismo da Igreja institucional, às custas da<br />

ênfase que a Bíblia dá à salvação pela graça mediante a fé e à vida no Espírito.<br />

O racionalismo do século XVIII ajudou a montar o palco para muitos do ensinos<br />

modernistas e às vezes anti-sobrenaturais dos séculos XIX e XX. Louis Berkhof declara<br />

muito acertadamente que semelhantes movimentos têm levado "ao conceito liberal<br />

moderno de Igreja como um mero centro social, uma instituição humana, ao invés de<br />

V

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!