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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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um híbrido teológico triunfalista, tão atraente quanto perigoso". 90 Define a fé como uma<br />

técnica mediante a qual a pessoa pode manipular o poder de Deus. Promove a soberania<br />

dos seres humanos, ao invés de exaltar a soberania de Deus. A questão que faz naufragar<br />

a fórmula da fé é a conexão absoluta que seus adeptos alegam poder estabelecer entre a fé<br />

como causa e a cura como efeito. Semelhante relacionamento causal entre as duas deixa<br />

pouco (ou nenhum) lugar para as chamadas circunstâncias mitigantes, tais como o<br />

cronograma de Deus ou o castigo que Ele deseja aplicar. Deploramos semelhante<br />

reducionismo. 91<br />

Há vários problemas relacionados à maneira como o Movimento da Fé entende a<br />

cura divina. Primeiro, a natureza sectária da doutrina da expiação proposta pelos seus<br />

adeptos: a teoria do Jesus "renascido" na qual a expiação é feita ao diabo e Jesus<br />

conquista a vitória mediante o seu conhecimento gnóstico. As Escrituras ensinam que os<br />

sofrimentos e a morte de Cristo provêem expiação pelos pecados e libertação das<br />

enfermidades. Por contraste a essa posição teológica cristã ortodoxa, o Movimento de Fé,<br />

segundo Kenneth Hagin e Kenneth Copeland o apresentam, ensina que "as enfermidades<br />

são curadas pela expiação espiritual de Cristo no inferno, e não pela sua morte física na<br />

cruz". 92 Este ensino é uma nítida violação das Escrituras.<br />

Um segundo problema é a contribuição do Novo Pensamento e outros cultos<br />

metafísicos à sua maneira de entender a natureza humana. 93<br />

Um terceiro problema é ensinarem que um crente enfermo é uma vergonha. E. W.<br />

Kenyon afirma que "é pecado ficarmos com doenças e enfermidades". 94 Fica evidente a<br />

diferença entre essa posição teológica e aquela ensinada na Bíblia. A Bíblia não impõe<br />

qualificações morais prévias para a saúde nem para a enfermidade. Tanto a saúde quanto<br />

a enfermidade física pouco têm a ver com nossa fé ou espiritualidade. Os proponentes do<br />

Movimento da Fé lançam sobre o crente toda a culpa e responsabilidade pelas suas<br />

enfermidades pessoais. Não deixam que a vontade inescrutável de Deus ou a simples<br />

conseqüência de se viver num mundo caído desempenhe absolutamente nenhum papel.<br />

Um quarto problema é a prática da confissão positiva, uma negação das realidades óbvias,<br />

sob a máscara do exercício da nossa fé. Tem mais em comum com a Ciência Cristã que<br />

com a fé bíblica. Esse erro doutrinário tem ligação com outro erro, que D. R. McConnell<br />

identifica como "negar os sintomas". Em nenhuma parte das Escrituras somos encorajados<br />

a negar os sintomas. Esse último conceito é reforçado pela filosofia do Novo<br />

Pensamento que nega a realidade do mundo físico. Outros erros esposados pelo<br />

Movimento da Fé incluem a necessidade de agüentar a dor, de progredir além do nível de<br />

se precisar da ciência médica, e a convicção de que o crente nunca deve morrer de<br />

enfermidade ou antes de atingir os setenta anos de idade. 95<br />

O Movimento da Fé ensina que já nesta vida os crentes podem ficar totalmente<br />

libertos dos sofrimentos físicos. Trata-se de uma contradição aos ensinos das Escrituras.<br />

Em Romanos 8, Paulo se refere aos sofrimentos desta vida, que só serão completamente<br />

removidos na redenção futura do nosso corpo, quando então seremos transformados à<br />

semelhança do Cristo ressuscitado (Rm 8.18-25; ver também 1 Co 15.42; 1 Jo 3.2).<br />

McConnell tem toda a razão ao declarar: "O erro da teologia da Fé é atribuir à cura divina<br />

poderes que somente irão se manifestar nos fins dos tempos". 96<br />

Pode o pecado nos deixar fisicamente doentes? Sim, mas isto não é afirmar que cada<br />

doença é resultado direto do pecado. A fé pode ser usada por Deus para dar cura ao nosso<br />

corpo? Sim, mas não é uma conclusão lógica afirmar que, se não formos curados, o<br />

problema é necessariamente falta de fé.<br />

Concordamos totalmente com McConnell: "Não devemos negar a cura divina, nem<br />

reduzi-la a simples 'passos' ou 'princípios' ou 'fórmulas' que Deus é obrigado a atender". 97<br />

V

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