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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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"Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa<br />

certeza da esperança; para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que,<br />

pela fé e paciência, herdam as promessas". Continuar na fé e na prática confirma nossa<br />

esperança e herança. E realmente possível fazer uma exegese de Hebreus 10.26-31,<br />

mesmo a despeito do v. 39, de modo a concluir que se refira meramente a uma<br />

possibilidade lógica, e não real? 100<br />

Prosseguindo nesse raciocínio, citemos a advertência de Jesus: "O amor de muitos se<br />

esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo" (Mt 24.12,13). Ele diz que<br />

olhar para trás nos torna indignos do Reino (Lc 9.62) e adverte: "Lembrai-vos da mulher<br />

de Ló" (Lc 17.32). Jesus diz ainda que, se a pessoa não permanecer nEle, será cortada (Jo<br />

15.6; cf. Rm 11.17-21; 1 Co 9.27). Paulo diz que podemos ser alienados de Cristo e cair<br />

da graça (Gl 5.4); que alguns naufragaram na fé (1 Tm 1.19); que alguns abandonarão (gr.<br />

aphistêmi) a fé (1 Tm 4.1); e que "se o negarmos, também ele nos negará" (2 Tm 2.12). O<br />

escritor aos Hebreus diz que "a casa [de Deus] somos nós, se tão-somente conservarmos<br />

firme a confiança e a glória da esperança até ao fim" (3.6); que devemos cuidar para que<br />

ninguém entre nós tenha "um coração mau e infiel, para se apartar [gr. aphistamai] do<br />

Deus vivo" (3.12); e que "nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente<br />

o princípio da nossa confiança até ao fim" (3.14).<br />

Pedro menciona aqueles que "depois de terem escapado das corrupções do mundo,<br />

pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e<br />

vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora<br />

não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, 101 desviarem-se do santo<br />

mandamento que lhes fora dado. Deste modo, sobreveio-lhes o que por um verdadeiro<br />

provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito; a porca lavada, ao espojadouro de<br />

lama" (2 Pe 2.20-22).<br />

João diz que a vida eterna não é possessão do crente, independente de ele ter a Cristo<br />

(1 Jo 5.11,12). O Pai "deu também ao Filho ter a vida em si mesmo" no mesmo sentido<br />

em que o Pai tem vida por seu próprio direito e natureza (Jo 5.26). A nós não foi<br />

concedido esse direito. A vida eterna é a vida de Cristo em nós, e nós a possuímos<br />

somente à medida que estamos "em Cristo".<br />

Os calvinistas, dizendo que essas advertências são essencialmente hipotéticas para os<br />

crentes verdadeiros, empregam várias ilustrações. Erickson refere-se a pais que temem<br />

que seus filhos saiam correndo para a rua e sejam atropelados por um automóvel. Eles<br />

têm duas opções: construir um muro alto que impossibilite a saída de dentro do quintal<br />

(mas isto restringiria a liberdade da criança); ou podem advertir a criança contra o perigo<br />

de sair correndo para a rua (neste caso, a criança poderia fazer isso, mas não o fará). Se,<br />

porém, os automóveis (os perigos) realmente não existem, e se a criança sabe disso,<br />

funcionará realmente a advertência como dissuasão? 102<br />

Permita-me uma outra analogia. Vamos imaginar que estamos dirigindo nosso carro<br />

pela estrada, à noite. Em diferentes trechos, passamos por sinais de advertência: "Curva<br />

fechada!" "Ponte caída!" "Deslizamento!" "Estrada estreita e sinuosa!" "Declive forte!"<br />

"Obras na estrada!" E nenhum desses perigos acaba surgindo. Iremos pensar que foi uma<br />

brincadeira de mau gosto, ou algum louco colocou aqueles sinais. De que maneira seriam<br />

advertências, se não correspondessem à realidade?<br />

Os calvinistas argumentam ter a certeza da salvação em virtude de sua posição<br />

teológica, ao contrário dos wesleyanos-arminianos. Mas seria essa a verdade? Tendo em<br />

vista passagens bíblicas como os capítulos 6 e 10 de Hebreus e as demais mencionadas,<br />

como podem os calvinistas alegar maior certeza de salvação que os arminianos? Como<br />

poderão ter certeza de estar entre os eleitos antes de chegar ao Céu? Se a pessoa pode<br />

chegar tão perto do Reino quanto descrito na Epístola aos Hebreus, em 2 Pedro e em<br />

Mateus 7.22 e ainda não estar "dentro" do Reino, de onde provém essa certeza maior? Na<br />

realidade, a certeza da salvação dada a todos os crentes verdadeiros mediante o Espírito

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