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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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Deve-se começar a pensar em teologia sistemática a partir da compreensão que se tem<br />

do conceito de religião. Embora esta possa ser definida de várias maneiras, uma das<br />

definições mais adequadas é que religião é a busca de valores e verdades supremos e<br />

definitivos. Os seres humanos, de modo geral, reconhecem que existe algo, ou alguém,<br />

além de si mesmos. E que, um dia, serão chamados a prestar contas diante desse alguém.<br />

O reconhecimento de que a raça humana não está sozinha no Universo, e que depende,<br />

em última instância, do valor supremo que existe além de nós, é o ponto inicial para a<br />

religião.<br />

A religião tem assumido muitas formas e expressões no decurso da história da<br />

humanidade — desde a especulação filosófica até à criação de deuses na forma de objetos<br />

materiais (Rm 1.21-23). O anseio ardente pela derradeira realidade tem levado a práticas<br />

religiosas que vão do debate intelectual ao sacrifício cruento de crianças.<br />

O anseio do ser humano, quer individual quer coletivo, não deve ser desconsiderado<br />

nem tido de forma negativa. Agostinho (354-430 d.C.) confessou: "Criastes-nos para vós.<br />

E o nosso coração estará inquieto até que haja repousado em vós". 4 Isto é: o anseio pela<br />

realidade última é o dom de Deus dentro das pessoas; leva-as a abrir o coração à revelação<br />

divina. Ele é o Ser Supremo que dará a solução e a satisfação integrais ao coração que o<br />

busca.<br />

A religião, como a busca do homem por Deus, porém, não consegue fornecer nenhum<br />

objeto ou pessoa de derradeiro e supremo valor. Na melhor das hipóteses, a busca termina<br />

com alguma deidade inferior, ou com alguma explicação insatisfatória da existência. E<br />

esta, sendo mera criação da mente humana, não basta para elucidar todas as complexidades<br />

da existência humana. Neste sentido, a religião acaba por frustrar-se.<br />

Essa frustração, entretanto, não é o fim da história, uma vez que as pessoas começam<br />

a ter um senso de futilidade - o solo fértil onde germina e cresce o acolhimento da<br />

revelação divina. H. Orton Wiley, teólogo da Igreja Nazareno, nota que "a religião<br />

fornece a consciência básica do homem, sem a qual a natureza humana não possuiria a<br />

capacidade de acolher a revelação de Deus". 5 Isto é: o próprio fato de as pessoas estarem<br />

procurando algo proporciona-lhes a oportunidade de lhes apresentarmos as boas-novas.<br />

Em Jesus Cristo, poderão achar o que estão buscando. Ele não somente traz a salvação,<br />

como também revela a majestade e a imensidade de Deus; satisfaz-nos plenamente a<br />

busca pela realidade última. Mais importante que isso: o homem descobre que o próprio<br />

Deus tem estado o tempo todo à procura de sua criatura que se desgarrara no Éden!<br />

TIPOS DE AUTORIDADE RELIGIOSA<br />

Quando a religião aceita a revelação de Deus em Cristo, a questão da autoridade<br />

assume posição de destaque. Quais as bases sólidas da fé e da prática? Como a revelação<br />

divina é aplicada ao indivíduo? Estas perguntas dirigem-nos a atenção ao problema da<br />

autoridade.<br />

Esta questão, que na verdade procura descobrir como a revelação divina é aplicada à<br />

nossa vida diária, pode ser claramente dividida em duas categorias: a autoridade externa e<br />

a interna. Ambas as categorias levam a sério o papel da Bíblia como a revelação de Deus,<br />

mas apresentam várias diferenças entre si.<br />

A autoridade externa inclui as origens autorizadas que se, acham fora do indivíduo,<br />

usualmente classificadas como canónicas, teológicas e eclesiásticas.<br />

Autoridade canónica. A autoridade canónica sustenta que as matérias bíblicas,<br />

contidas no cânon 6 das Escrituras, são a revelação autorizada de Deus. A Bíblia tem uma<br />

mensagem clara e definitiva para as nossas crenças e para o nosso modo de vida. Os<br />

proponentes desta opinião afirmam que:<br />

(1) a Bíblia é autoridade em virtude de sua autoria divina; e

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