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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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A inspiração verbal e plenária era a opinião da Igreja Primitiva. Durante os oito<br />

primeiros séculos da Igreja, nenhum líder eclesiástico, de vulto, ousou sustentar outra<br />

opinião. Procedimento similar foi adotado pelas igrejas cristãs ortodoxas até ao século<br />

XVIII. 98 A inspiração plenária e verbal continua sendo o conceito sustentado pelo<br />

evangelicalismo.<br />

A inspiração verbal e plenária eleva o conceito da inspiração até à plena infalibilidade,<br />

posto que todas as palavras são, em última análise, palavras de Deus. A Escritura é<br />

infalível porque é a Palavra de Deus, e Deus é infalível. Nas últimas décadas do século<br />

XX, alguns procuraram apoiar o conceito da inspiração plenária e verbal sem o corolário<br />

da infalibilidade. Como resposta, livros foram escritos, conferências, realizadas, e<br />

organizações formadas na tentativa de firmar o modo histórico de se entender a inspiração<br />

das Escrituras Sagradas. Uma fileira de fortes adjetivos tem sido acrescentada à expressão<br />

"plenária e verbal" até ao ponto de alguns insistirem que esta opinião teológica seja<br />

chamada "inspiração verbal plenária, infalível, inerrante, ilimitada". Quando<br />

investigamos o significado de tantos qualificativos, constatamos que é exatamente isto o<br />

que significa a "inspiração plenária e verbal"!<br />

A INERRÂNCIA BÍBLICA<br />

Uma mudança notável da terminologia que resultou dos debates na área da inspiração<br />

das Escrituras foi a preferência pelo termo "inerrância" ao invés de "infalibilidade". Isso<br />

tem a ver com a insistência de alguns no sentido de que podemos ter uma mensagem<br />

infalível com um texto bíblico errante.<br />

"Infalibilidade" e "inerrância" são termos empregados para se aludir à veracidade das<br />

Escrituras. A Bíblia não falha; não erra; é a verdade em tudo quanto afirma (Mt 5.17,18;<br />

Jo 10.35). Embora tais termos nem sempre hajam sido empregados, os teólogos católicos,<br />

os reformadores protestantes, os evangélicos da atualidade (e, portanto, os pentecostais<br />

"clássicos"), têm afirmado ser a Bíblia inteiramente a verdade; nenhuma falsidade ou<br />

mentira lhe pode ser atribuída. 99 Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, Gregório<br />

Nazianso, Justino, o Mártir, Irineu, Tertuliano, Origenes, Ambrósio, Jerônimo,<br />

Agostinho, Martinho Lutero, João Calvino, e um número incontável de outros gigantes da<br />

história da Igreja, reconhecem que a Bíblia foi, de fato, inspirada por Deus, e que é<br />

inteiramente a verdade. Preste atenção à afirmação enfática de alguns destes notáveis:<br />

Agostinho: "Creio com toda a firmeza que os autores sagrados estavam totalmente<br />

isentos de erros". 100<br />

Martinho Lutero: "As Escrituras nunca erram". 101 "... onde as Sagradas Escrituras<br />

estabelecem algo que deve ser crido, ali não devemos desviar-nos de suas palavras". 102<br />

João Calvino: "O registro seguro e infalível". "A regra certa e inerrante". "A<br />

Palavra infalível de Deus". "Isenta de toda mancha ou defeito". 103<br />

Provavelmente, os dois acontecimentos mais significativos no tocante à doutrina da<br />

infalibilidade e da inerrância foram a declaração sobre as Escrituras na Aliança de<br />

Lausanne (1974) e a Declaração de Chicago (1978) do Concílio Internacional da<br />

Inerrância Bíblica. A declaração de Lausanne oferece (segundo alguns) flexibilidade em<br />

demasia ao afirmar que a Bíblia é inerrante em tudo quanto afirma". (Isto é: pode haver<br />

coisas que não foram "afirmadas" na Bíblia.) Como resposta, a Declaração de<br />

Chicago afirmou: "A Escritura na sua inteireza é inerrante, e está livre de toda a<br />

falsidade, fraude ou logro. Negamos que a infalibilidade e inerrância da Bíblia limitam-se<br />

aos temas espirituais, religiosos ou redentores, excluindo-se as asseverações nos campos<br />

da história e das ciências". 104<br />

A Declaração de Chicago foi adotada por uma convenção de quase trezentos<br />

estudiosos no seu esforço para esclarecer e fortalecer a posição evangélica a respeito da<br />

doutrina da inerrância. Consiste em dezenove Artigos de Afirmação e de Negação, e tem<br />

uma prolongada exposição final, que se propõe a descrever e explicar a inerrância de tal

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