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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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No Acampamento de Reavivamento Mundial em Arroyo Seco, perto de Los Angeles,<br />

em 1913, surgiu uma séria controvérsia. Durante um culto de batismo, o evangelista<br />

canadense R. E. McAlister argumentou que os apóstolos não invocavam o Nome trino e<br />

uno - Pai, Filho e Espírito Santo - no batismo, mas batizavam no nome de Jesus<br />

somente.<br />

Durante a noite, John G. Schaeppe, um imigrante de Danzig, Alemanha, teve uma<br />

visão, e acordou o acampamento, gritando que o nome de Jesus precisava ser glorificado.<br />

A partir de então, Frank J. Ewart começou a ensinar que aqueles que tinham sido<br />

batizados segundo a fórmula trinitariana precisavam do novo batismo que invocava somente<br />

o nome de Jesus. 71 Logo, outros começaram a espalhar a "nova questão". 72<br />

Juntamente com isso veio a aceitação de uma só Pessoa na Deidade, agindo em modos ou<br />

cargos diferentes. O reavivamento em Arroyo Seco acendera a centelha dessa nova<br />

questão.<br />

Em outubro de 1916, o Concílio Geral das Assembleias de Deus foi convocado em St.<br />

Louis com o propósito de formar barricadas de defesa para proteger a ortodoxia<br />

trinitariana. Os representantes da Unicidade viram-se diante de uma maioria que lhes<br />

exigia que aceitassem a fórmula batismal trinitariana e a doutrina ortodoxa de Cristo, ou<br />

deixassem a comunhão. Cerca de um quarto dos ministros realmente se retirou. Mas as<br />

Assembleias de Deus estabeleceram-se na tradição doutrinária da "fé pregada pelos<br />

apóstolos, atestada pelos mártires, substanciada nos Credos, exposta pelos pais", 73 ao<br />

lutar em favor da ortodoxia trinitariana.<br />

Tipicamente, o Pentecostalismo da Unicidade declara: "Não cremos em três<br />

personalidades separadas na Deidade, mas cremos em três cargos preenchidos por uma só<br />

pessoa". 74<br />

A doutrina da Unicidade (modalística) tem, portanto, o conceito de Deus como um só<br />

Monarca transcendente, cuja unidade numérica é rompida por três manifestações contínuas<br />

feitas à humanidade como Pai, Filho e Espírito Santo. As três faces do único<br />

Monarca são realmente imitações divinas de Jesus, a expressão pessoal de Deus mediante<br />

a sua encarnação. A ideia da personalidade exige, segundo os Pentecostais da Unicidade,<br />

corporalidade e, por essa razão, acusam os trinitarianos de adotar o triteísmo.<br />

Pelo fato de Cristo ser "corporalmente toda a plenitude da divindade" (Cl 2.9), os<br />

Pentecostais da Unicidade argumentam que Ele é essencialmente a plenitude da Deidade<br />

indiferenciada. Noutras palavras: acreditam que a tríplice realidade de Deus é "três<br />

manifestações" do único Espírito habitando dentro da Pessoa de Jesus. Acreditam que<br />

Jesus é a personalidade única de Deus, cuja "essência é revelada como Pai no Filho e<br />

como Espírito através do Filho". 75 Explicam, ainda, que a pantomima divina de Jesus é<br />

"cristocêntrica, porque Jesus, como ser humano, é o Filho, e que como Espírito (na sua<br />

divindade) Ele revela - e realmente é o Pai -e envia - e realmente é o Espírito Santo como<br />

o Espírito de Cristo que habita no cristão". 76<br />

Já argumentamos que o sabelianismo do século III é herético. Na sua negação das<br />

distinções eternas entre as três Pessoas na Deidade, o Pentecostalismo da Unicidade<br />

acabou caindo no mesmo erro teológico do Modalismo clássico. 77 A diferença, conforme<br />

foi declarado antes, é que os Pentecostais da Unicidade concebem a "trimanifestação" de<br />

Deus como simultânea em vez de sucessiva - sendo esta última a crença do modalismo<br />

clássico. Argumentam que, tendo por base Colossenses 2.9, o conceito da personalidade<br />

de Deus é reservado exclusivamente para a presença imanente e encarnada de Jesus. Por<br />

isso, os Pentecostais da Unicidade geralmente argumentam que a Deidade está em Jesus,<br />

mas que Jesus não está na Deidade. 78<br />

Colossenses 2.9 afirma porém (conforme a Igreja formulou em Calcedônia em 451),<br />

que Jesus é a "plenitude da revelação da natureza de Deus" (theotêtos, divindade) mediante<br />

a sua encarnação. A totalidade da essência de Deus está encorporada em Cristo

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