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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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DESAFIOS DO MUNDO SECULAR<br />

Sem dúvida, o primeiro desafio feito ao crente pelo secularista é a negação categórica<br />

das coisas sobrenaturais.<br />

Vários filósofos, cristãos e não-cristãos, têm demonstrado em tempos recentes que a<br />

disposição moderna contra o sobrenatural não é necessariamente resultado de alguma<br />

argumentação superior. Dois filósofos seculares da ciência, Thomas Kuhn e Paul<br />

Feyerabend, entre outros, têm patenteado que muitas das crenças de nossa era, sejam<br />

científicas ou não, são afirmações dogmáticas - não ciência, mas cientismo. 73 Existem<br />

tantas razões para crermos no sobrenatural quantas para repudiá-lo. E, para o cristão, não<br />

há motivo para descrer dos milagres do Novo Testamento, pois a própria experiência da<br />

regeneração é classificada como tal, segundo o pensamento neotestamentário (Jo 3.5-8; 2<br />

Co 5.17). Brown relembra uma história que contava C. S. Lewis, a respeito de um<br />

agnóstico resoluto que se achou no lago de fogo depois do fim do mundo.<br />

"Pachorrentamente, continuava a considerar como ilusão a sua experiência ali, buscando<br />

explicações na psicoanálise e na patologia cerebral". 74 Brown ressalta que Lewis está nos<br />

explicando que muitas pessoas não irão mudar sua cosmovisão, independente de quais sejam<br />

as evidências (cf. Lc 16.19-31).<br />

O segundo desafio lançado pelo secularista consiste nas frequentes comparações<br />

reducionistas entre os milagres do Novo Testamento e a magia pagã do século I. Segundo<br />

Colin Brown, Celso, o grande antagonista de Orígenes, definiu Jesus como um mágico<br />

que aprendera "os truques da sua profissão no Egito". Em tempos recentes, vários<br />

estudiosos têm proposto ideias semelhantes. Um estudioso de renome que esposa<br />

semelhante ponto de vista é Morton Smith. Smith diz que a história da fuga para o Egito,<br />

registrada em Mateus, foi uma fraca tentativa de responder às acusações acerca da<br />

capacidade de Jesus para operar milagres. 75<br />

Vários estudiosos têm demonstrado que a teoria de Smith perverte totalmente a<br />

verdade a respeito de Jesus. Howard Clark Kee tem publicado várias obras relevantes na<br />

área de milagres e curas do século I. Ressalta que os milagres encontrados no Novo<br />

Testamento formam "um nítido contraste com a magia". Os registros bíblicos das curas<br />

operadas por Jesus e pela Igreja Primitiva "não têm o mínimo sinal das complexas<br />

invocações aos deuses, com seus múltiplos nomes". A. E. Harvey, de Oxford, escreve:<br />

"De modo geral, podemos dizer que as histórias de milagres nos evangelhos, são<br />

diferentes de qualquer outra coisa na literatura antiga porque evitam... as tendências que<br />

achamos em qualquer relato a elas comparável". E a razão de semelhantes comparações é<br />

mera pressuposição e preconceito, como indica Blomberg: "Uma vez removido o<br />

preconceito anti-sobrenatural, os milagres de curas nos evangelhos satisfazem realmente<br />

os vários critérios históricos da autenticidade". 76<br />

DESAFIOS POR CRISTÃOS<br />

Consideraremos, agora, os desafios dentro da cristandade, a partir do protestantismo<br />

liberal. Muitos desses liberais, ou modernistas, excluem a possibilidade da cura divina,<br />

tendo por base a posição teológica que adotaram. Teólogos como Rudolf Bultmann<br />

negam os milagres porque têm uma cosmovisão errada. John Macquarrie fala dos<br />

"perigos graves" (conforme ele diz) inerentes à teologização filosófica, que é o método<br />

principal do protestantismo liberal hoje. Menciona três perigos. Primeiro, "o indevido<br />

valor atribuído à filosofia secular" que leva a uma "distorção do ensino cristão" através da<br />

ênfase exagerada às áreas específicas da convergência entre a filosofia e a doutrina cristã.<br />

Em segundo lugar, indica que é comum serem introduzidas sub-repticiamente ideias<br />

estranhas ao Cristianismo, as quais posteriormente vestem a máscara do cristianismo<br />

tradicional. O terceiro perigo, que é o pior, é a acomodação total a toda e qualquer

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