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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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Muitas pessoas, entretanto, levam mais adiante esse conceito, argumentando que a<br />

experiência é a fonte originária e real da autoridade no tocante à fé e à prática. Dizem que<br />

somente as verdades experimentadas pelo indivíduo podem ser proclamadas como<br />

verdadeiras.<br />

A moderna elevação da experiência como autoridade começou com os escritos de<br />

Friedrich Schleiermacher (1768-1834). 10 Ele argumentou que o fundamento do<br />

Cristianismo era a experiência religiosa, que passou a ser o fator determinante e<br />

autorizado para as verdades teológicas. Desde então, a experiência tem sido aceita como a<br />

fonte de autoridade em alguns setores da Igreja. 11<br />

Embora Schleiermacher e seus seguidores tratassem a Bíblia como um livro<br />

meramente humano, e enfatizassem demasiadamente a experiência, não devemos olvidar<br />

o valor da experiência na captação da revelação divina. Haja vista os pentecostais:<br />

enfatizam fortemente a realidade de um relacionamento com Deus que afeta todos os<br />

aspectos do ser humano. As verdades proposicionais assumem vitalidade e força quando<br />

confirmadas e ilustradas na experiência dos discípulos devotos de Cristo.<br />

Por outro lado, as experiências variam entre si, e nem sempre se pode discernir com<br />

clareza suas origens. Uma fonte fidedigna de autoridade deve estar além dos aspectos<br />

variáveis que marcam a experiência; deve até mesmo ter a competência para contradizer<br />

e corrigir a experiência se necessário for. Não é fidedigna a experiência isolada e que se<br />

arvora como fonte de autoridade para mediar a revelação de Deus. 12<br />

A razão humana como autoridade. Com o advento do Iluminismo (a partir dos<br />

fins do século XVII), muitos vêm fazendo da razão humana a fonte autossuficiente da<br />

autoridade. O racionalismo diz que não precisa da revelação divina; nega a realidade<br />

dessa revelação. Colin Brown anota corretamente que na "linguagem popular,<br />

'racionalismo' chegou a significar a tentativa de se julgar tudo à luz da razão". 13 Os<br />

resultados da ascensão do racionalismo fizeram-se perceber em todas as áreas da<br />

atividade humana, mas especialmente na religião e na teologia. 14<br />

Nossa capacidade intelectual mostra-nos que, realmente, fomos criados à imagem e<br />

semelhança de Deus. Por isso, fazer uso da razão para acolher a revelação divina não se<br />

constitui, em si, qualquer erro. Grandes avanços vêm sendo alcançados nas muitas áreas<br />

da ciência graças à capacidade intelectual do ser humano. Aplicar a razão ao conteúdo<br />

bíblico, pesquisando textos e documentos antigos, conhecendo o ambiente social e<br />

econômico em que surgiram os escritos da Bíblia, e muitos outros esforços desse tipo,<br />

têm se mostrado mais do que útil para se entender a revelação divina.<br />

A razão, portanto, é de grande auxílio no conhecimento da revelação de Deus, mas<br />

não tem a primazia sobre esta. Quando a razão é aceita como a autoridade suprema, ela se<br />

coloca acima da revelação divina, e julga qual parte (ou talvez nenhuma) desta deve ser<br />

aceita. Usualmente, os racionalistas fazem da razão a autoridade suprema. 15 Deve ser<br />

notado, ainda, que a razão humana, ao negar a revelação divina, coloca-se sob a<br />

influência do pecado e de Satanás, desde a queda de Adão (Gn 3).<br />

Cremos, portanto, que a teologia é mais bem considerada quando a Bíblia é<br />

reconhecida como a autoridade suprema. Não podemos nos esquecer, ainda, que é o<br />

Espírito Santo quem nos ilumina no entendimento da Palavra de Deus revelada. As<br />

afirmações encontradas nos credos e nas declarações doutrinárias da Igreja são ajudas<br />

valiosas na interpretação e aplicação da Bíblia. A experiência individual, especialmente<br />

se inspirada e dirigida pelo Espírito Santo, bem como a razão humana, também ajudam o<br />

crente a entender a revelação divina. Nem por isso a Bíblia deixa de ser a única regra<br />

infalível e suficiente de fé e prática. Nela, Deus falou e continua falando.<br />

UMA DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA<br />

A teologia, definida com simplicidade, é o estudo de Deus e do seu relacionamento<br />

com tudo quanto Ele criou. Cremos que a teologia deriva-se da revelação de Deus na

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