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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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experiência e preparo incomparáveis. Eis por que foram usados por Deus para comunicar<br />

a sua mensagem (Moisés, Paulo).<br />

Os conceitos da orientação dinâmica e os da inspiração verbal e plenária são<br />

sustentados por muito eruditos; tais conceitos reconhecem a obra do Espírito Santo, bem<br />

como as diferenças óbvias nos vocabulários e estilos dos escritores. Uma diferença<br />

importante entre as duas opiniões envolve a extensão da inspiração. Reconhecendo ter<br />

havido orientação do Espírito Santo, até onde esta se estende? No tocante aos escritos<br />

bíblicos, os defensores das várias opiniões dinâmicas sugeriram que a orientação do<br />

Espírito estendeu-se aos mistérios além do alcance da razão humana, ou somente até à<br />

mensagem da salvação, ou ainda até as palavras de Cristo, ou talvez até certos assuntos<br />

(tais como as seções didáticas ou proféticas, ou talvez a todas as matérias que se<br />

relacionam com a fé e prática cristãs). A inspiração plenária e verbal sustenta, porém, que<br />

a orientação do Espírito Santo estendia-se a todas as palavras dos documentos originais<br />

(os autógrafos).<br />

No tocante à orientação do escritor pelo Espírito, tem-se sugerido que a influência do<br />

Espírito estendeu-se somente ao impulso original para se escrever, ou somente à seleção<br />

dos tópicos, ou apenas aos pensamentos ou ideias do autor, conforme este achasse<br />

melhor. Na inspiração plenária e verbal, todavia, a orientação do Espírito estendia-se até<br />

às próprias palavras que o escritor selecionava para expressar os seus pensamentos. O<br />

Espírito Santo não ditava as palavras, mas guiava o escritor para que este, livremente,<br />

escolhesse as palavras que realmente expressavam a mensagem de Deus. (Por exemplo, o<br />

escritor poderia ter escolhido "casa" ou "construção", segundo a sua preferência, mas não<br />

poderia ter escolhido "campo", pois isso teria mudado o conteúdo da mensagem.) 97<br />

Qualquer combinação das sugestões no conceito da orientação dinâmica coloca-nos<br />

numa posição de relatividade quanto à extensão da inspiração das Escrituras. Esse<br />

posicionamento relativo requer seja aplicado algum princípio para diferenciar as partes<br />

inspiradas das não-inspiradas (ou mais inspiradas e menos inspiradas) da Bíblia. Vários<br />

princípios têm sido sugeridos: tudo quanto é razoável; tudo quanto é necessário para a<br />

salvação; tudo quanto é valioso para a fé e a prática; tudo quanto traz o Verbo; tudo<br />

quanto é querigma genuíno, ou tudo aquilo sobre o qual o Espírito dá testemunho<br />

especial. Todos os princípios desse tipo são subjetivos e centralizam-se no homem. Além<br />

disso, há o problema de quem aplicará o princípio de modo decisivo. A hierarquia<br />

eclesiástica, os estudiosos bíblicos e os teólogos, os cristãos individuais, todos desejariam<br />

o poder de escolha. Em última análise, o conceito da orientação dinâmica acaba<br />

derivando do homem a autoridade da Bíblia, em vez de derivá-la de Deus. Somente o<br />

conceito da inspiração plenária e verbal evita o problema da relatividade teológica, sem<br />

deixar de levar em conta a variedade humana ao reconhecer que a inspiração estende-se à<br />

totalidade das Escrituras.<br />

A inspiração plenária e verbal contém uma definição essencial no próprio nome. E a<br />

crença de que a Bíblia é inspirada nas próprias palavras (verbal) escolhidas pelos escritores.<br />

É inspiração plenária (plena, total, inteira) porque todas as palavras-, em todos os<br />

escritos originais (autógrafos), são inspiradas. Uma definição mais técnica da inspiração<br />

segundo a perspectiva plenária e verbal poderia ser esta: A inspiração é o ato especial do<br />

Espírito Santo mediante o qual motivou os escritores bíblicos a escrever, orientando-os<br />

até mesmo no emprego das palavras, preservando-os de igual modo de todos os erros ou<br />

omissões.<br />

Apesar de cada palavra da Bíblia ser inspirada por Deus, a sua veracidade depende do<br />

contexto, isto é: ela pode registrar autoritativamente o conteúdo inspirado e verídico de<br />

uma mentira. Quando, por exemplo, a serpente disse a Eva que esta não morreria se<br />

comesse do fruto proibido, estava, sem dúvida alguma, mentindo - pois Eva morreria!<br />

(Gn 3.4,5). No entanto, posto que a totalidade da Bíblia seja inspirada, as palavras do<br />

tentador, embora falsas, foram registradas com exatidão.

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