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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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Fica óbvio: a revelação que Deus fez de si mesmo visa o benefício do ser humano.<br />

Isso não quer dizer, porém, que a revelação divina, por si só, garanta uma resposta<br />

positiva a Deus da parte de quem a recebeu. "Precisamente porque a revelação divina visa<br />

o benefício do homem, não ousamos obscurecer o seu conteúdo informativo, nem pensar<br />

erroneamente que a revelação divina outorga a salvação automática de quem a possua.<br />

Ouvir as boas novas reveladas por Deus não nos redime automaticamente". 19<br />

A revelação divina é uma proclamação de vida, mas quando rejeitada, é uma<br />

proclamação de morte (Dt 30.15; 2 Co 2.16).<br />

Graciosamente, Deus revelou-se a si mesmo, bem como os seus caminhos ao ser<br />

humano. Sua auto-revelação abrange os séculos; é variada na sua forma, e oferece<br />

comunhão privilegiada com o Criador. Essa revelação abundante, todavia, não esgotou o<br />

mistério do Deus eterno. Há aspectos de sua Pessoa e do seu propósito que Ele optou por<br />

não tornar conhecidos (Dt 29.29; Jó 36.26; SI 139.6; Rm 11.33). A retenção deliberada de<br />

tais informações serve-nos de lembrança: Deus transcende a própria revelação. O que<br />

Deus não revelou está além das necessidades e possibilidades da descoberta humana.<br />

A revelação tem sua base, mas também os seus limites, na vontade de Deus... Os seres<br />

humanos universalmente não possuem recursos naturais para delinearem a natureza e a<br />

vontade divina. Nem sequer os dotados de capacidades especiais, ou de notáveis<br />

qualidades religiosas, poderão, mediante as próprias capacidades, aprofundar-se nos<br />

segredos do Infinito... e esclarecer, com o próprio poder e iniciativa, os mistérios da<br />

eternidade. 20<br />

As bibliotecas estão cheias de explicações acerca da auto-revelação de Deus, mas não<br />

se deve considerar que tais dissertações acrescentem algo à Sua revelação. A exemplo de<br />

João Batista, somos chamados a testificar da luz, e não para criar nova luz (Jo 1.7).<br />

Em todos os aspectos, Deus mantém o domínio total sobre a própria revelação. Não é<br />

prisioneiro da majestade de sua própria Pessoa a ponto de nem sequer poder se revelar.<br />

Ele pode selecionar o que é revelado. Assim como determina o conteúdo e as<br />

circunstâncias da sua revelação, também determina a extensão da revelação. A limitação<br />

consciente que Deus impõe à sua revelação reflete a natureza de sua Pessoa. "Embora<br />

Deus se revele na sua criação, Ele não deixa de transcender ontologicamente (no tocante à<br />

sua existência) o universo, como seu Criador, e também transcende o homem<br />

epistemologicamente (no tocante à natureza e limites do conhecimento humano)". 21 O<br />

Deus da Bíblia não é panteísta; Ele se revelou à sua criação como Criador -uma revelação<br />

separada e voluntária que está inteiramente sob seu controle.<br />

Embora os seres humanos não hajam esgotado totalmente o conhecimento de Deus,<br />

tal revelação não é incompleta no que diz respeito às nossas necessidades básicas. O que<br />

Deus já revelou é suficiente para a nossa salvação, aceitabilidade diante dEle, e para a<br />

nossa instrução na justiça. Mediante a revelação divina, podemos conhecê-lo e crescer<br />

nesse conhecimento (SI 46.10; Jo 17.3; 2 Pe 3.18; 1 Jo 5.19,20).<br />

O Deus inexaurível continuará a transcender a sua revelação. Somente no céu é que<br />

lograremos alcançar, dEle, um conhecimento maior e mais completo (1 Co 13.12). Uma a<br />

das alegrias celestiais será o desdobrar, durante toda a eternidade, de maiores<br />

entendimentos da pessoa divina e de seus modos, sempre graciosos, em lidar com os<br />

redimidos (Ef 2.7). O fato de agora conhecermos apenas "em parte" não altera, contudo, a<br />

validade, a importância e a fidedignidade da revelação divina em nosso dia-a-dia.<br />

Tratando-se da revelação divina, o Deus da Bíblia coloca-se em marcante contraste<br />

com os deuses do paganismo politeísta. Ele não é nenhuma deidade local que está a disputar,<br />

com outras, as lealdades dos adoradores. Não é um ídolo mudo lavrado em madeira<br />

ou pedra. Tampouco é a voz projetada dos líderes políticos que revestem suas ideias com<br />

a mitologia religiosa. Pelo contrário: Ele é o único e verdadeiro Deus; é o Senhor de todo

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