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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia". A<br />

parábola do credor incompassivo, em Mateus 18.23-34, ilustra o ensino neotestamentário<br />

da misericórdia de Deus. Embora o primeiro servo devesse uma soma impossível de<br />

restituir, o rei não buscava, sem misericórdia, extraí-la dele. Pelo contrário, perdoou-lhe<br />

graciosamente. Em Cristo, Deus tem feito o mesmo em nosso favor.<br />

Outra maneira de Deus demonstrar sua bondade é na graça salvífica. As palavras mais<br />

frequentemente usadas no Antigo Testamento para transmitir a ideia de graça são chanan<br />

("demonstrar favor" ou "ser gracioso") e suas formas derivadas (especialmente chên) e<br />

chesedh ("bondade fiel" ou "amor infalível"). A primeira refere-se usualmente ao favor<br />

de livrar o seu povo dos inimigos (2 Rs 13.23; SI 6.2,7) ou aos rogos pelo perdão de<br />

pecados (SI 41.4; 51.1). Isaías revela que o Senhor anseia por ser gracioso com o seu<br />

povo (Is 30.18). Mas a salvação pessoal não é o assunto de nenhum desses textos. O<br />

substantivo chên aparece principalmente na frase "achar favor aos olhos de alguém" (dos<br />

homens: Gn 30.27; 1 Sm 20.29; de Deus: Êx 34.9; 2 Sm 15.25). Chesedh contém sempre<br />

um elemento de lealdade às alianças e promessas, expresso espontaneamente em atos de<br />

misericórdia e amor. No Antigo Testamento, a ênfase recai sobre o favor demonstrado ao<br />

povo da aliança, embora as demais nações também estejam incluídas. 33<br />

No Novo Testamento, a "graça", como o dom imerecido mediante o qual as pessoas<br />

são salvas, aparece primariamente nos escritos de Paulo. 34 É um "conceito central que expressa<br />

mais claramente seu modo de entender o evento da salvação... demonstrando livre<br />

graça imerecida. O elemento da liberdade ... é essencial". Paulo enfatiza a ação de Deus, e<br />

não a sua natureza. "Ele não fala do Deus gracioso; fala da graça concretizada na cruz de<br />

Cristo". 35 Em Efésios 1.7, Paulo afirma: "Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a<br />

remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça", pois "pela graça sois salvos" (Ef<br />

2.5,8).<br />

O AMOR DE DEUS<br />

Sem menosprezar a paciência, misericórdia e graça de Deus, a Bíblia associa mais<br />

frequentemente o desejo de Deus em nos salvar ao seu amor. No Antigo Testamento, o<br />

enfoque primário recai sobre o amor segundo a aliança, como se vê em Deuteronômio 7:<br />

O Senhor não tomou prazer [heb. chashaq] em vós, nem vos escolheu, porque a vossa<br />

multidão era mais do que a de todos os outros povos... mas porque o Senhor vos amava<br />

[heb. 'ahev]; e, para guardar o juramento que jurara a vossos pais... vos resgatou da casa<br />

da servidão... Será, pois, que, se, ouvindo estes juízos, os guardardes e fizerdes, o Senhor,<br />

teu Deus, te guardará o concerto e a beneficência [heb. chesedh] que jurou a teus pais; e<br />

amar-te-á [heb. 'ahev] e abençoar-te-á (vv. 7,8,12,13).<br />

Num capítulo a respeito da redenção segundo a aliança, diz o Senhor: "Com amor<br />

[heb. 'ahavahj eterno te amei [heb. 'ahev]; também com amável benignidade [heb.<br />

chesedh] te atraí" (J r 31.3). A despeito da apostasia e idolatria de Israel, Deus amava com<br />

amor eterno.<br />

O Novo Testamento emprega agapaõ ou agapê para referir-se ao amor salvífico de<br />

Deus. No grego pré-bíblico, essas' palavras tinham pouca relevância. No Novo Testamento,<br />

porém, são óbvios o seu poder e calor. "Deus é agapê" (1 Jo 3.16). Por isso, "ele<br />

deu seu Filho unigénito" (jo 3.16) para salvar a humanidade. Deus tem demonstrado seu<br />

amor imerecido para conosco "em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores"<br />

(Rm 5.8). O Novo Testamento dá amplo testemunho do fato de que o amor de Deus<br />

impeliu-o a salvar a humanidade perdida. Por isso, estes quatro atributos de Deus - a<br />

paciência, a misericórdia, a graça e o amor - demonstram a sua bondade ao prover a nossa<br />

redenção. 36<br />

Se a Bíblia ensina que a bondade de Deus o levou a salvar a humanidade perdida,<br />

ensina também que nada fora dEle mesmo o compeliu a fazer assim. A redenção tem a

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