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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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leitura informal das epístolas do Novo Testamento revela que os dois títulos: episkopos<br />

("bispo", "supervisor", "superintendente") e presbuteros ("presbítero", "ancião") são<br />

frequentemente usados com referência aos líderes da Igreja Primitiva. Paulo, em 1<br />

Timóteo 3.1-7, instrui a respeito do cargo de bispo (episkopos) e repete algumas dessas<br />

instruções em Tito 1.5-9. Aqui, no entanto, parece que Paulo emprega os termos<br />

episkopos (v. 7) e presbuteros (v. 5) de modo intercambiável. Em outros trechos bíblicos,<br />

os dois cargos parecem estar separados (cf. At 15.4,22; Fp 1.1). Como consequência,<br />

dependendo da ênfase que se dê a um desses textos, seria possível interpretar a estrutura<br />

da Igreja Primitiva igualmente em termos episcopais ou presbiterianos.<br />

Um texto das Escrituras é frequentemente usado pelos dois grupos para ilustrar seu<br />

sistema: Atos 15, que relata o Concílio da Igreja em Jerusalém. Parece que Tiago, irmão<br />

de Jesus, preside o concílio. 39 Este fato, juntamente com outras referências a Tiago como<br />

"apóstolo" e "coluna da igreja" (Gl 1.19; 2.9), tem convencido alguns de que Tiago<br />

exercia autoridade de bispo. Por outro lado, os defensores do sistema presbiteriano acham<br />

que Tiago parece mais estar agindo como moderador (presidente do concílio) que como<br />

uma figura de autoridade e que os demais parecem estar no papel de líderes escolhidos<br />

para representar suas respectivas igrejas. Há, ainda, referências neotestamentárias que<br />

favorecem o sistema congregacional sugerindo que a Igreja Primitiva elegia seus próprios<br />

líderes e delegados (por exemplo, At 6.2-4; 11.22; 14-23) 40 e que a congregação local<br />

tinha a responsabilidade de manter a sã doutrina; cabia-lhe também disciplinar (por<br />

exemplo, Mt 18.15-17; 1 Co 5.4,5; 1 Ts 5.21,22; 1 Jo 4-1).<br />

Portanto, obviamente, nenhum modelo completo de governo eclesiástico é oferecido<br />

pelo Novo Testamento. Os múltiplos modelos vinham a satisfazer as necessidades, e<br />

assim foram estabelecidos princípios para o exercício da autoridade e oferecidos<br />

exemplos que possivelmente dão apoio a qualquer um dos três tipos históricos de governo<br />

eclesiástico. Hoje, a maioria das igrejas segue o modelo essencial de um desses três tipos,<br />

mas não sem modificações, que visam a adaptação ao modo específico de cada grupo<br />

definir e exercer o ministério. E, embora nenhum desses sistemas seja inerentemente<br />

certo ou errado, pode-se ver que cada um apresenta tanto aspectos positivos quanto<br />

negativos.<br />

Seja qual for o tipo de governo eclesiástico que escolhermos, merecem destaque<br />

vários princípios bíblicos, que devem servir de alicerce a qualquer estrutura desse tipo.<br />

Cristo deve ser sempre reconhecido e honrado como Cabeça suprema da Igreja. Se os<br />

cristãos perderem de vista essa verdade absoluta, nenhuma forma de governo será<br />

bem-sucedida. W. D. Davies declara, com muita razão: "O critério neotestamentário<br />

ulterior de qualquer ordem eclesiástica... é que não usurpe a coroa real do Salvador dentro<br />

da sua Igreja". 41 Outro princípio fundamental deve ser o reconhecimento da união básica<br />

da Igreja. Sem dúvida, há muita diversidade entre as crenças e práticas das várias<br />

denominações (e até mesmo dentro de uma única denominação). Os valores culturais e<br />

tradicionais variam grandemente entre si. Mesmo assim, e levando-se em conta todas as<br />

diferenças, o corpo de Cristo não deixa de ser uma "unidade na multiplicidade", 42 e é<br />

necessário muito cuidado para manter a harmonia e união de propósitos entre o povo de<br />

Deus.<br />

Antes de finalizarmos esta seção, é oportuno dizer algo a respeito da estrutura<br />

organizacional das Assembleias de Deus. Muitos dos pioneiros desta comunhão reagiram,<br />

desde o início, contra uma forte autoridade central a governá-la. Isto porque as<br />

denominações às quais antes pertenciam haviam excluído os crentes que receberam o<br />

Espírito Santo como ameaças ao situacionismo (entre outras coisas). Alguns dos<br />

primeiros pentecostais não estavam mais dispostos a servir uma religião "organizada" -<br />

conforme eles a identificavam. No decurso do tempo, entretanto, muitos dos primeiros<br />

líderes pentecostais perceberam a necessidade de algum tipo de estrutura através da qual a<br />

mensagem moderna do Pentecostes pudesse ser promovida. Consequentemente, as<br />

Assembleias de Deus foram organizadas como uma "comunhão" ou "movimento"

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