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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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imagem de Deus. No estudo que se segue, as áreas de concordância citadas neste<br />

parágrafo devem ser mantidas em posição de destaque.<br />

A teoria da lacuna. Os proponentes da teoria da lacuna argumentam que houve,<br />

num passado muito remoto, uma "criação primitiva", referida em Gênesis 1.1. Isaías<br />

45.18 declara: "Assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra e a<br />

fez; ele a estabeleceu, não a criou vazia [no hebraico, tohu], mas a formou para que<br />

fosse habitada". Este versículo, segundo a teoria da lacuna, comprova que Gênesis 1.2<br />

não pode estar descrevendo a criação original de Deus como vazia e sem forma (tohu),<br />

mas que era uma ordem perfeita, que continha uniformidade, complexidade e vida. 27<br />

Esta teoria propõe que Satanás, que era arcanjo antes da sua queda, governava essa<br />

Terra pré-adâmica, um reino originalmente perfeito. 28 Então ele, juntamente com as<br />

cidades e nações dos povos pré-adâmicos, rebelou-se, e a Terra (o seu domínio) foi<br />

amaldiçoada e destruída por uma inundação (cujos resultados são referidos em Gênesis<br />

1.2: "a face do abismo"). Esse mesmo versículo indica que "a terra era sem forma e<br />

vazia". Arthur Custance argumenta que a frase "sem forma e vazia" alude a uma expansão<br />

arruinada e devastada como resultado de um julgamento e que deve, portanto, ser<br />

interpretada como "uma ruína e uma desolação". 29<br />

Isaías 24.1 e Jeremias 4.23-26 são citados pelos adeptos da teoria da lacuna como<br />

evidências desse juízo cataclísmico (embora esses textos se refiram ao juízo futuro). E a<br />

declaração de Jesus em Mateus 13.35 - "desde a criação do mundo" - significaria "desde a<br />

derrocada do mundo". 30 Afirmam ainda que o dilúvio citado em 2 Pedro 3.6-7 não é o de<br />

Noé - o contexto é "o princípio da criação" - mas um primeiro dilúvio, que destruiu o<br />

mundo pré-adâmico. 31<br />

Alguns proponentes apontam o acento disjuntivo rebhia, introduzido pelos rabinos<br />

medievais entre Gênesis 1.1 e 1.2 para indicar uma subdivisão. 32 Além disso, a conjunção<br />

hebraica waw pode indicar "e", "mas" ou "ora". Então, optam por traduzir assim o<br />

versículo 2: "A terra tornou-se sem forma e vazia". Mas reconhecem que a Bíblia não<br />

declara o tempo que a Terra permaneceu nesse estado caótico (lacuna) - entre Gênesis 1.1<br />

e 1.2. 33 H. Thiessen diz: "O primeiro ato criador ocorreu no passado sem data, e entre ela<br />

e a obra dos seis dias há espaço bastante para todas as eras geológicas". 34<br />

Os adeptos da teoria da lacuna declaram, no entanto, que Deus finalmente reiniciou o<br />

processo criador na neocriação - ou reconstrução - descrita em Gênesis 1.3-31. 35 Alegam<br />

ainda que a expressão "Deus criou" leva em conta uma nova criação, uma nova<br />

moldagem do Universo, que não precisa estar restrita a um primeiro evento. Alguns<br />

desses teóricos entendem que os "dias" da criação duraram 24 horas. Outros, que os<br />

"dias" de Gênesis 1 são períodos indefinidamente longos.<br />

Em Gênesis 1.28 - "Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra" - a palavra "enchei",<br />

para eles, pode significar "encher de novo" uma Terra que já fora cheia em tempos<br />

anteriores. 36 Alguns defendem que Deus emprega a mesma palavra quando manda Noé<br />

"encher" a Terra, em Gênesis 9.1.<br />

Além disso, creem que a aliança em Gênesis 9.13-15 (onde Deus promete: "As águas<br />

não se tornarão mais em dilúvio, para destruir toda carne") pode sugerir que Deus tenha<br />

empregado essa forma de julgamento em mais de uma ocasião, anteriormente.<br />

Fósseis humanos antigos, juntamente com fósseis de dinossauros, são considerados<br />

evidências desse mundo pré-adâmico. A nota na Bíblia de Scofield explica: "E só relegar<br />

os fósseis à criação primitiva, e não sobra nenhum conflito entre a ciência e a cosmogonia<br />

de Gênesis". G. H. Pember declara:<br />

Posto, portanto, que os remanescentes dos fósseis são de criaturas anteriores a<br />

Adão, mas mostram sinais evidentes da doença, da morte e da mútua destruição,<br />

devem ter pertencido a outro mundo e possuído uma história própria, manchada pelo<br />

pecado, história esta que culminou na ruína deles mesmos e de sua habitação. 37

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