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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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sejam trazidas para o momento presente". 63 Semelhante conceito é refletido até mesmo<br />

no Antigo Testamento (cf. Dt 16.3; 1 Rs 17.18).<br />

Na Ceia do Senhor, talvez possamos sugerir um tríplice sentido de lembrança:<br />

passado, presente e futuro. A Igreja se reúne como um só corpo à mesa do Senhor,<br />

relembrando a sua morte. Os próprios elementos usados de modo simbólico na<br />

Comunhão representam o derradeiro sacrifício de Cristo, no qual Ele entregou seu corpo<br />

e sangue para redimir os pecados do mundo. Existe ainda um sentido bem presente, o<br />

convívio espiritual com Cristo à sua mesa. A Igreja vem proclamar não um herói morto,<br />

mas um Salvador ressuscitado e vencedor. A expressão: "mesa do Senhor" sugere estar<br />

Ele presente como o verdadeiro anfitrião, aquele que transmite o sentido de terem os<br />

crentes, nEle, segurança e paz (ver SI 23.5). Finalmente, há um sentido futuro neste<br />

relembrar, sendo que a comunhão da qual o crente agora participa com o Senhor não é o<br />

ponto final. Neste sentido, a Ceia do Senhor tem uma dimensão escatológica. Ao<br />

participarmos dela, antecipamos a alegria pela sua segunda vinda e pela reunião da Igreja<br />

com Ele para toda a eternidade (cf. Mc 14.25; 1 Co 11.26).<br />

A comunhão com Cristo também denota comunhão com o sçu corpo, a Igreja. O<br />

relacionamento vertical entre os crentes e o Senhor é complementado pela comunhão<br />

horizontal de uns com os outros. Amar a Deus está vitalmente associado com o amar ao<br />

nosso próximo (ver Mt 22.37-39). Uma comunhão tão perfeita com os nossos irmãos e<br />

irmãs em Cristo exige o rompimento de todas as barreiras (sociais, econômicas, culturais,<br />

etc.) e o ajustamento de qualquer detalhe que tenda a destruir a verdadeira união. Somente<br />

assim a Igreja poderá genuinamente participar (ou ter koinõnia) do corpo e sangue do<br />

Senhor e ser verdadeiramente um só corpo (1 Co 10.16,17). Esta verdade é vividamente<br />

ressaltada por Paulo, em 1 Coríntios 11.17-34. Uma ênfase importante do apóstolo nessa<br />

passagem é o exame que os crentes devem fazer da sua conduta e motivos espirituais<br />

antes de participar da Ceia do Senhor - levando em conta sua atitude para com o próprio<br />

Senhor e também para com os demais membros do corpo de Cristo. 64<br />

Por ser a Ceia do Senhor uma verdadeira comunhão de crentes, a maioria das igrejas,<br />

nas tradições pentecostais e evangélicas, praticam a comunhão aberta. Significa que todos<br />

os crentes nascidos de novo, independente das suas diferenças menos relevantes, estão<br />

convidados a se reunir com os santos em comunhão com o Senhor à sua mesa.<br />

Embora a maioria dos crentes concorde que o Senhor está presente à sua mesa, sua<br />

presença é interpretada de diferentes maneiras. A maioria dos cristãos harmoniza seus<br />

pontos de vista sobre este assunto com uma entre estas quatro tradições: católica romana,<br />

luterana, zuingliana e calvinista (reformada). Cada uma destas será considerada<br />

resumidamente.<br />

A doutrina católica romana, oficialmente adotada no Quarto Concílio Laterano (1215)<br />

e reafirmada no Concílio de Trento (1551), é chamada transubstanciação. Este<br />

posicionamento teológico ensina que, quando o sacerdote abençoa e consagra os<br />

elementos - o pão e o vinho - ocorre uma mudança metafísica, de modo que o pão é<br />

transformado no corpo de Cristo, e o vinho, no seu sangue. O termo "metafísica" é usado<br />

porque a Igreja Católica ensina que características como a aparência e o sabor dos<br />

elementos (ou os "acidentes") permanecem os mesmos, mas que a essência interior, a<br />

substância metafísica, foi transformada. Fazem uma interpretação muito literal das<br />

palavras de Jesus: "Isto é o meu corpo... Isto é o meu sangue" (Mc 14.22-24), os católicos<br />

acreditam que a totalidade de Cristo está plenamente presente dentro da substância dos<br />

elementos. Como consequência, aquele que participa da hóstia consagrada está<br />

recebendo expiação dos pecados venais, ou seja: dos pecados perdoáveis (por contraste<br />

aos pecados mortais).<br />

Uma segunda posição teológica provém dos ensinos de Martinho Lutero. Celebrando<br />

sua primeira missa como jovem sacerdote católico, Lutero chegou às palavras que proclamavam<br />

que um novo sacrifício de Cristo estava sendo apresentado: "Oferecemos a Ti,

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