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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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A lição das narrativas do nascimento, conforme o anjo declara a Maria nos versículos<br />

que se seguem, é que Jesus será o Filho de Deus e também o filho de Maria. 77 Portanto, se<br />

adotarmos uma perspectiva teológica que não seja a da humanidade e do pecado,<br />

poderemos deixar, metodologicamente falando, que as contradições quanto à encarnação<br />

fiquem sem resposta. Ficaríamos dependendo do poder revelador de Deus para juntar as<br />

coisas que, segundo a lógica, parecem não poder coexistir. Em última análise, a verdade<br />

da encarnação não depende da nossa capacidade de processá-la segundo a lógica, mas sim<br />

do fato de que Deus a revelou de modo sobrenatural. 78<br />

Outra questão que pode ser levantada é: até que ponto Jesus participou da nossa<br />

condição humana? A maldição pronunciada contra Adão, como resultado de sua rebelião<br />

contra Deus, está registrada em Gênesis 3.17-19. A maldição parece ter três partes<br />

componentes: (1) a maldição contra a terra; (2) a labuta dos seres humanos para<br />

conseguir alimentos; e (3) a morte física. Note que Jesus participou de todas essas coisas<br />

nos dias da sua carne. A maldição contra a terra não foi anulada em favor de Jesus; Ele<br />

trabalhava como carpinteiro; Ele se mantinha com alimentos; e, mais relevante ainda, Ele<br />

morreu. Na sua humanidade, Jesus participou dos resultados não-morais do pecado (de<br />

Adão e Eva) sem que Ele mesmo se tornasse pecaminoso. Esse modo de compreender a<br />

situação está em harmonia com vários versículos bíblicos importantes a respeito do<br />

assunto (por exemplo, 2 Co 5.21; 1 Pe 2.22).<br />

Finalmente, pouca coisa precisa ser dita a respeito das diferenças entre a humanidade<br />

essencial (ou ideal) - conforme criada por Deus - e a humanidade existencial - experimentada<br />

pelas pessoas na vida cotidiana. Erickson não acha correto definir a humanidade<br />

de Jesus do ponto de vista da humanidade existencial, e que somente a humanidade essencial<br />

serve a este fim. Mas nossa análise dos versículos bíblicos supra parecem indicar<br />

que Jesus se enquadrava nos dois aspectos ao mesmo tempo. Ele experimentou a<br />

existência linear e corpórea do homem que podia morrer, e morreu mesmo. Neste sentido,<br />

parecia viver a humanidade existencial. Ele era, ainda, impecável - e nunca houve outro<br />

ser humano assim - e foi ressuscitado pelo Pai à incorrupção. A humanidade essencial de<br />

Jesus parece ter estado presente nessas realidades. A revelação de Deus Filho na carne<br />

realmente pode ser um desafio capaz de esgotar todas as nossas tentativas de explicá-la.<br />

No entanto, para nós, é fundamental crermos que Jesus era completamente humano,<br />

semelhante a nós. 79<br />

JESUS E O ESPÍRITO SANTO<br />

Jesus está em profundo relacionamento com a terceira Pessoa da Trindade. Já de<br />

início, o Espírito Santo leva a efeito a concepção de Jesus no ventre de Maria (Lc<br />

1.34,35).<br />

O Espírito Santo veio sobre Jesus no seu batismo (Lc 3.21,22). Nessa ocasião, o<br />

relacionamento entre ambos assume um novo aspecto, que somente pela encarnação seria<br />

possível. Lucas 4.1 deixa claro que esse revestimento do Espírito Santo preparou Jesus<br />

para enfrentar Satanás no deserto e para a inauguração de seu ministério terrestre.<br />

O batismo de Jesus tem desempenhado um papel crucial na cristologia, e devemos<br />

examiná-lo em profundidade. James Dunn argumenta que Jesus foi adotado como o Filho<br />

de Deus no seu batismo. Por isso, para Dunn, o significado do batismo é a iniciação de<br />

Jesus na filiação divina. 80 Mas será que Lucas 3.21,22 - onde uma voz do céu declara: "Tu<br />

és meu Filho amado" - ensina assim?<br />

Há um reconhecimento geral de que Salmos 2.7 é citado nesse texto. A questão é<br />

saber por que a segunda parte da declaração - "Eu hoje te gerei" - encontrada naquele<br />

salmo, foi omitida. Se o propósito da Voz do céu e de Lucas era ensinar que Jesus passava<br />

a ser o Filho de Deus a partir daquele momento, não faria sentido excluírem a segunda<br />

parte declaração, pois esta seria a comprovação desse ensino. 81 A declarada filiação de<br />

Jesus, portanto, é mais provavelmente um reconhecimento de um fato. E especialmente

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