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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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Certamente a Bíblia emprega a palavra "mundo" num sentido qualitativo, referindo-se<br />

ao sistema maligno que Satanás domina. Mas Cristo não morreu em favor de um sistema.<br />

Entregou sua vida em favor das pessoas que dele fazem parte. Em texto algum do Novo<br />

Testamento, "mundo" se refere à Igreja ou aos eleitos. Paulo diz que Jesus "Se deu a si<br />

mesmo em preço de redenção por todos" (1 Tm 2.6) e que Deus "quer que todos os<br />

homens se salvem" (1 Tm 2.4). Em 1 João 2.1,2, temos uma separação explícita entre os<br />

crentes e o mundo e uma afirmação de que Jesus Cristo, o Justo, "é a propiciação" (v. 2)<br />

para ambos. H. C. Thiessen reflete o pensamento do Sínodo de Dort (1618-19):<br />

"Concluímos que a expiação é ilimitada no sentido de estar à disposição de todos; é<br />

limitada no sentido de ser eficaz somente para aqueles que crêem. Está à disposição de<br />

todos, mas é eficiente apenas para os eleitos". 71<br />

A ORDEM DA SALVAÇÃO<br />

Deus, por sua infinita bondade e justiça, enviou seu Filho unigénito à cruz a fim de<br />

suportar a penalidade total do pecado e poder perdoar livremente e com justiça todos<br />

quantos comparecerem diante dEle. Como isso acontece na vida de uma pessoa? Pensar a<br />

respeito da aplicação da obra de Cristo a nós leva a considerar a chamada ordo salutis<br />

("ordem da salvação"), expressão que remonta a 1737, atribuída ao teólogo luterano<br />

Jakob Karpov, embora a ideia propriamente dita seja mais antiga. Qual a ordem lógica<br />

(não a cronológica) na qual experimentamos o processo de passar de um estado<br />

pecaminoso para o da plena salvação? A Bíblia não oferece uma ordem específica,<br />

embora se ache embrionariamente em Efésios 1.11-14 e em Romanos 8.28-30, onde<br />

Paulo alista a presciência, a predestinação, o chamamento, a justificação e a glorificação,<br />

sendo cada conceito edificado na ideia anterior.<br />

O catolicismo romano direciona essa ordem aos sacramentos, isto é: ao batismo, no<br />

qual a pessoa experimenta a regeneração; à confirmação, na qual a pessoa recebe o<br />

Espírito Santo; à eucaristia, a participação da presença física de Cristo; à penitência, o<br />

perdão dos pecados não-mortais; e à extrema-unção, quando a pessoa recebe a certeza da<br />

entrada no Reino de Deus. 72<br />

Entre os protestantes, a diferença está primariamente entre a abordagem reformada e<br />

(de modo geral) a wesleyana. A opinião que seguimos depende da nossa doutrina da depravação.<br />

Subentenderia esta uma incapacidade total, onde a pessoa necessita da obra<br />

regeneradora do Espírito Santo para tornar-se capaz de se arrepender e crer - a posição<br />

reformada? Neste caso, a ordem seria eleição, predestinação, presciência, chamamento,<br />

regeneração, arrependimento, fé, justificação, adoção, santificação e glorificação. Ou<br />

subentende que, por continuarmos a levar em nós a imagem de Deus, mesmo no estado<br />

caído, temos a capacidade de corresponder com arrependimento e fé quando Deus nos<br />

atrai a si? Neste caso, a ordem seria presciência, eleição, predestinação, chamamento,<br />

arrependimento, fé, regeneração e os demais. A diferença encontra-se na ordem dos três<br />

primeiros, que se referem à atividade de Deus na eternidade, e no posicionamento da<br />

regeneração nessa ordem. A segunda das duas ordens é o ponto de vista adotado nesse<br />

capítulo.<br />

A ELEIÇÃO<br />

Evidentemente, a Bíblia ensina uma escolha feita por Deus: a eleição divina. O Antigo<br />

Testamento diz que Deus escolheu Abraão (Ne 9.7), o povo de Israel (Dt 7.6; 14-2; At<br />

13.17), Davi (1 Rs 11.34), Jerusalém (2 Rs 23.27) e o Servo (Is 42.1; 43.10). No Novo<br />

Testamento, a escolha divina inclui anjos (1 Tm 5.21), Cristo (Mt 12.18; 1 Pe 2.4,6), um<br />

remanescente de Israel (Rm 11.5) e os crentes, isto é, os eleitos, quer individual (Rm<br />

16.13; 2 Jo 1.1,13) ou coletivamente (Rm 8.33; 1 Pe 2.9). Sempre a iniciativa é de Deus.<br />

Ele não escolheu Israel pela grandeza da nação (Dt 7.7). Jesus diz aos seus discípulos:

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