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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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viu suscitará os reis... e quebrará os dentes dos pecadores. Deporará os reis dos seus<br />

tronos e reinos porque a Ele não louvam e exaltam".<br />

Note a mudança sutil que ocorre aqui. Em Daniel, o Senhor Deus, o Ancião de Dias, é<br />

quem julga; o Filho do Homem simplesmente aparece diante dEle. Aqui, o Filho do<br />

Homem fica sendo o agente: quebra os dentes dos pecadores e arranca reis dos seus<br />

tronos. Em outras palavras, nos séculos entre o Antigo e o Novo Testamento, os judeus<br />

atribuíam ao Filho do Homem apocalíptico um papel muito mais ativo quanto ao levar a<br />

efeito o juízo divino e o Reino de Deus. 38<br />

Ao vermos a expressão "Filho do Homem" nos evangelhos, é necessário<br />

perguntarmos se diz respeito a um membro da humanidade ou ao Filho do Homem<br />

triunfante, segundo Daniel. Parece que Jesus escolheu esse título por haver nele algo de<br />

secreto. Despertava a curiosidade e possuía um caráter evidentemente misterioso. Para<br />

Jesus, escondia o que precisava ser escondido e revelava o que precisava ser revelado.<br />

Embora o título "Filho do Homem" apresente duas definições principais, são três as<br />

aplicações contextuais, no Novo Testamento. A primeira é o Filho do Homem no seu<br />

ministério terrestre. A segunda refere-se ao seu sofrimento futuro (como por exemplo Mc<br />

8.31). Assim, atribuiu-se novo significado a uma terminologia existente dentro do<br />

Judaísmo. A terceira aplicação diz respeito ao Filho do Homem na sua glória futura (ver<br />

Mc 13.24, que aproveita diretamente toda a corrente profética que brotou do livro de<br />

Daniel).<br />

Jesus, no entanto, não se limitava às categorias existentes. Sem dúvida, já haviam as<br />

categorias apocalípticas, mas Ele ensinava coisas novas e exclusivas a esse respeito. Depois,<br />

quando foi julgado diante do sumo sacerdote e respondeu a este, vemos outra<br />

referência ao Filho do Homem na sua glória futura. Marcos 14.62 diz: "Vereis o Filho do<br />

Homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu". Aqui,<br />

Jesus se identifica com o Filho do Homem segundo Daniel. Este fato nos ajuda a<br />

compreender a flexibilidade do termo. O Filho do Homem viera e estava presente na<br />

Terra, mas ainda está para vir com poder e glória.<br />

Essa flexibilidade é incomparável. Jesus veio à Terra, autodenominava-se Filho do<br />

Homem e, além de fazer coisas tais como a cura do paralítico, falava a respeito do seu<br />

sofrimento e morte futuros. Mas esse modo de entender o Filho do Homem está separado<br />

da sua vinda com poder e glória e domínio, quando julgará os pecadores e assumirá o<br />

controle. Logo, Jesus é o Filho do Homem - passado, presente e futuro.<br />

O fato de o Filho do Homem ser um homem literal também é incomparável. Com base<br />

nos escritos apocalípticos, seria natural concebê-lo como um ser superangelical ou um<br />

companheiro poderoso do Ancião de Dias. Que o Filho do Homem tenha sido Jesus na<br />

Terra, assumindo lugar de verdadeiro homem, é notável.<br />

MESSIAS<br />

O título "messias" está no âmago da maneira como o Novo Testamento entende Jesus,<br />

e veio a constituir-se em nome para Ele. E difícil, portanto, exagerar a sua importância.<br />

O termo grego Christos ("Ungido") traduzia o termo hebraico mashiach, que nossas<br />

Bíblias traduzem por "Messias" 39 ou, mais frequentemente, "Cristo". Tendo por base o<br />

significado fundamental de ungir com azeite de oliva, referia-se à unção de reis,<br />

sacerdotes e profetas para o ministério que Deus os chamaria a exercer. Posteriormente,<br />

veio a significar um descendente específico de Davi que, segundo esperavam, governaria<br />

sobre os judeus e lhes daria a vitória sobre os gentios, seus opressores. 40 Para muitos dos<br />

judeus, Jesus não era um Messias do agrado deles. 41<br />

Saber que Jesus não era o único no Judaísmo antigo que declarou ser o Messias pode<br />

ajudar nosso modo de entender o emprego do termo. Quando o Concílio prendeu Pedro e<br />

João e considerava o que fazer a respeito, Gamaliel levantou-se e aconselhou: "Varões

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