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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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Em seguida, a visões de João na ilha de Patmos (registradas no Apocalipse) ofereceram<br />

um quadro da vitória ulterior de Cristo, e acrescentaram a garantia do reino milenar antes<br />

do derradeiro juízo e dos novos céus e nova terra profetizados por Isaías (65.17; 66.22). A<br />

partir da Ásia Menor, portanto, os conceitos premilenistas espalharam-se rapidamente. 44<br />

Até aos meados do século II, a maioria dos cristãos mantinham a esperança de que<br />

Cristo voltaria para então reinarem com Ele durante mil anos. Em seguida, a preocupação<br />

com a definição da Cristologia desviou a atenção da esperança futura. Orígenes (c. de 185<br />

- c. de 254), influenciado pela filosofia grega, popularizou um método alegórico que<br />

levou à espiritualização do reino futuro. Já no século V, o Reino de Deus e a igreja<br />

hierárquica eram identificados entre si, e a igreja pronunciava os juízos. Como resultado,<br />

o Reino futuro e o Juízo Final já não eram enfatizados. Em seguida, na parte posterior da<br />

Idade Média, a Igreja Romana passou a acreditar que estava edificando a Cidade Eterna<br />

de Deus aqui na terra. A maioria fechava os olhos diante do mal que grassava, e não deu<br />

evidências de acreditar que Deus tem um plano ou que Ele estabelecerá o Reino futuro<br />

pelo seu próprio ato. Só ocasionalmente é que brotava a crença num Milênio futuro,<br />

usualmente em protesto contra a autoridade hierárquica. 45<br />

A Reforma trouxe renovada ênfase à autoridade da Bíblia e à atividade de Deus na<br />

História. Contudo, no tocante às últimas coisas, a atenção era dedicada à glorificação dos<br />

crentes, e havia poucas alusões à consumação da era e ao estado final. 46<br />

Na Inglaterra do século XVII, a crença num milênio tornou-se mais popular,<br />

especialmente entre os puritanos treinados por Joseph Measde, embora muitos ainda<br />

acreditassem que o Milênio já era cumprido na História da Igreja. Aqueles que pregavam<br />

a Segunda Vinda de Cristo para inaugurar o Milênio, lesavam a sua própria causa ao fazer<br />

cálculos que colocavam a sua volta entre 1640 e 1660. 47<br />

Já no começo do século XVIII, Daniel Whitby popularizou a ideia de que Cristo não<br />

voltaria a não ser depois que um milênio de progresso houvesse colocado o mundo sob a<br />

autoridade do Evangelho. 48 Esse conceito passou a predominar na América do Norte no<br />

século XIX, porque se encaixava nas filosofias do progresso automático então vigentes.<br />

Já no fim do século, conferências bíblicas disseminavam novamente a esperança de um<br />

milênio futuro. Juntamente com ( isso, veio a propagação do dispensacionalismo, cuja<br />

interpretação literal da profecia forma um extremo contraste com as interpretações<br />

figuradas dos pós-milenistas e dos amilenistas, e com aquelas dos liberais e<br />

existencialistas. 49<br />

Os liberais, que realmente eram anti-sobrenaturalistas, influenciados por Kant,<br />

Ritschl, Hegel e Schleiermacher, apagavam qualquer intervenção divina futura do<br />

Evangelho que pregavam. Para eles, o Reino de Deus era algo que os seres humanos<br />

podiam criar mediante a sua própria sabedoria, sem nenhum socorro do alto.<br />

Esse anti-sobrenaturalismo atingiu seu auge com Albert Schweitzer e Rudolf<br />

Bultmann. Schweitzer diminuiu a apresentação bíblica de Jesus ao mínimo, fazendo dEle<br />

um mero homem que pensava erroneamente que o fim viria já naqueles dias.<br />

Schweitzwer tomava "liberdades extraordinárias com as evidências históricas". Assim<br />

também fez Bultmann quando excluiu da Bíblia os milagres; interessava-se somente pela<br />

existência presente, rejeitava o conceito linear da História oferecido pela Bíblia, e tratava<br />

a esperança bíblica como mera especulação. 31<br />

Também na Europa, o existencialismo, mediante o seu enfoque sobre o aspecto<br />

humano, desconsiderava "as dimensões cósmicas das Escrituras", e oferecia uma fuga de<br />

qualquer preocupação com o passado ou com o futuro. Entre eles, os neo-otodoxos<br />

procuravam recuperar doutrinas ortodoxas ao passo que, ao mesmo tempo, tratavam a<br />

Bíblia como um mero registro humano. Na Inglaterra, C. H. Dodd popularizou a ideia de<br />

que o Reino de Deus tinha chegado plenamente "de uma vez por todas" no ministério de<br />

Jesus, e que os escritores do Novo Testamento haviam entendido mal os seus ensinos e,<br />

por isso, desenvolveram a expectativa de que Ele voltaria. Uma modificação, chamada

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