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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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Ex 3.4-12; 19.9-19). Nos palácios, nos campos e nas prisões, Ele tornou conhecida a sua<br />

Pessoa, bem como seus caminhos (Ne 1.11; Lc 2.8-14; At 12.6-11). Quando o ser<br />

humano busca a Deus, só consegue achá-lo segundo as condições por Ele estabelecidas<br />

(Jr 29.13). Deus determina até mesmo quem receberá a sua revelação, quer se trate de<br />

pastores ou reis, quer de pescadores ou sacerdotes (Dn 5.5-24; Mt 4.18-20; 26.63,64).<br />

O conteúdo da revelação divina é aquilo que Deus queria fosse comunicado - nada<br />

mais, nada menos que isso. Todas as considerações a respeito de Deus não passam de<br />

mera especulação à parte do que Ele mesmo revelou. Karl Barth descreve Deus como<br />

aquele "para quem não existe caminho nem ponte, a respeito de quem não poderíamos<br />

dizer... uma única palavra se Ele, por sua própria iniciativa não viesse ao nosso<br />

encontro". 12 A partir da revelação inicial que Ele fez de si mesmo, e por toda eternidade,<br />

Carl F. H. disse que "o Deus da Bíblia é totalmente determinativo no tocante à<br />

revelação". 13<br />

A revelação, proveniente e determinada por Deus é, portanto, uma comunicação<br />

pessoal. Tem sua origem num Deus pessoal, e é acolhida por uma criação pessoal. Deus<br />

se revela não como alguma mera força cósmica ou objeto inanimado, mas como um ser<br />

pessoal que fala, que ama, e que se importa com a sua criação. Ele despreza "outros<br />

deuses" que não passam de obra das mãos do artífice (Is 40.12-28; 46.5-10). Pois Ele se<br />

revela em termos de relacionamentos pessoais, e se identifica por designativos tais como<br />

Pai, Pastor, Amigo, Guia e Rei. E nesses tipos de relacionamentos pessoais que os seres<br />

humanos têm o privilégio de conhecê-lo.<br />

A revelação de Deus é uma expressão da graça divina. Deus jamais sentira-se<br />

constrangido por qualquer necessidade a revelar-se. A perfeita comunhão entre o Pai, o<br />

Filho e o Espírito Santo não carecia de nenhuma suplementação externa. Pelo contrário:<br />

Deus se deu a conhecer aos seres humanos, visando o próprio bem destes. O maior<br />

privilégio do ser humano é poder conhecer a Deus, glorificá-lo e desfrutar para sempre de<br />

sua presença. 14 Essa comunicação privilegiada reflete o amor e a bondade de Deus que,<br />

graciosamente, deu-se a conhecer. Emil Brunner considera maravilhoso e estupendo que<br />

"o próprio Deus haja dado de si mesmo pessoalmente a mim; somente dessa maneira,<br />

posso entregar-me a Ele ao aceitar a doação de si mesmo a mim". 15<br />

Carl F. H. Henry chama a atenção para as expressões "a vós, a nós" da revelação<br />

divina, quando Deus nos traz a boa nova, de valor incalculável, de que Ele chama a raça<br />

humana à comunhão com Ele.<br />

O propósito de Deus, na revelação, é que o conheçamos pessoalmente conforme Ele é,<br />

que aceitemos seu perdão gracioso e sua oferta de uma nova vida, que sejamos libertos do<br />

julgamento catastrófico em consequência de nossos pecados, e que entremos na<br />

comunhão pessoal com Ele. Ele declara: "Eu vos serei por Deus, e vós me sereis por<br />

povo" (Lv 26.12). 16<br />

Deus, na sua misericórdia, continua a revelar-se à humanidade caída. Andar com<br />

Adão e Eva no paraíso ajardinado foi bondade dEle, mas chamar ao perdão e à<br />

reconciliação os pecadores teimosos e contumazes revela amor bem maior (Gn 3.8; Hb<br />

3.15). Seria compreensível que a revelação graciosa de Deus terminasse com a colocação<br />

da espada de fogo no Éden, na fabricação do bezerro de ouro pelos israelitas, ou na rude<br />

cruz do Calvário. A revelação de Deus, no entanto, é redentora no seu caráter. "O Deus<br />

invisível, oculto e transcendente, a quem nenhum homem viu nem poderá ver, revelou-se<br />

na vida humana a fim de que os pecadores se aproximassem dEle". 17<br />

A dádiva suprema que Deus oferece à raça humana é o convite para que todos o<br />

conheçam pessoalmente. "Tu nos criaste para ti mesmo, e o nosso coração está inquieto<br />

até que ache repouso em ti". 18 Conhecer a Deus, mesmo um ' pouco, é desejar conhecê-lo<br />

melhor. "Pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para<br />

que possa ganhar a Cristo Jesus" (Fp 3.8).

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