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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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Deus ordenou fosse sua revelação preservada com pureza? Se "preservada com<br />

pureza" significa "preservada com inerrância", a resposta é "não". Conforme mencionada<br />

acima, a inerrância pertence tão-somente aos autógrafos. Nos muitos manuscritos<br />

bíblicos preservados, há milhares de variações. A maioria destas foi causada pela<br />

negligência (ortografia, gramática, transposição de palavras etc). Todavia, nenhuma<br />

doutrina sequer tem por base textos questionáveis em qualquer manuscrito.<br />

Se, porém, "preservada com pureza" significa que os ensinos da Escritura foram<br />

"preservados de modo incorruptível", a resposta é um "sim" de alto e bom som. Hoje, a<br />

Igreja tem várias versões modernas baseadas nos muitos manuscritos hebraicos e gregos<br />

existentes. Tais versões, traduzidas em centenas de idiomas, são comparadas<br />

cuidadosamente aos manuscritos antigos e às primeiras versões da Bíblia. E fornecem ao<br />

leitor uma versão das Escrituras em linguagem (vocabulário e estilo) atualizada, sem<br />

deixar de manter a exatidão quanto ao seu real significado.<br />

Embora haja um longo período de tempo entre os autógrafos e as versões atuais da<br />

Bíblia, existe pouca distância entre eles no tocante à exatidão. Há uma longa corrente de<br />

testemunhas que remonta às pessoas que declararam ter visto os autógrafos (Policarpo,<br />

Clemente de Roma). Tinham tanto o motivo quanto a oportunidade de verificar por conta<br />

própria a fidedignidade das cópias feitas a partir dos originais. Havia um desejo entre os<br />

cristãos de preservar os ensinos da Escritura, e muitos cuidados foram dedicados à sua<br />

transmissão de uma geração para outra. Mediante os esforços da ciência da crítica textual,<br />

é possível se chegar a um texto bíblico que é a representação exata dos autógrafos. Em<br />

seguida, à medida que abordarmos o conteúdo e o significado da Escritura (conforme<br />

Deus mesmo quis fosse entendida) - com auxílio da crítica textual, da exegese e da<br />

interpretação - podemos dizer que nesta mesma medida estamos proclamando a Palavra<br />

de Deus.<br />

Isso só pode acontecer se tivermos certeza de que os autógrafos eram de fato a Palavra<br />

de Deus, e que foram escritos infalivelmente por meio da inspiração sobrenatural. E<br />

essencial a inerrância (seja em que ponto for) para sabermos o que é a verdade. O valor<br />

dos autógrafos inerrantes é que sabemos que, o que os homens registraram, foi exatamente<br />

o que Deus queria deixar por escrito. Os autógrafos derivam seu valor do fato de<br />

serem, em essência, a Palavra de Deus, e meramente as palavras de escritores humanos.<br />

Os apógrafos, por outro lado, derivam seu valor do fato de representarem com total<br />

exatidão os autógrafos. Não se pode dizer que as cópias, as versões e as traduções foram<br />

inspiradas na sua produção, mas seguramente (em algum sentido derivado e mediado)<br />

retêm a qualidade de inspiração que estava presente nos autógrafos. De outra forma, a<br />

Bíblia não seria fonte de autoridade. O ato da inspiração aconteceu uma só vez; a<br />

qualidade da inspiração continuou sendo mantida nos apógrafos. O ato original da<br />

inspiração produziu uma Palavra inspirada tanto nos autógrafos quanto nos apógrafos.<br />

O CÂNON DAS ESCRITURAS<br />

Nem toda a literatura religiosa, até a mais inspiradora e lida, é considerada<br />

Escritura. Essa verdade é válida hoje, como também o era nos dias em que o Antigo e o<br />

Novo Testamento foram escritos. Os apócrifos, os pseudepígrafos e outros escritos<br />

religiosos, tinham reconhecidamente seus vários graus de valor, mas não eram<br />

considerados dignos de serem chamados a Palavra de Deus. Somente os 66 livros<br />

contidos na Bíblia são chamados Escrituras. 109<br />

O termo "cânon" provém da palavra grega kanõn, que denota uma régua de<br />

carpinteiro ou algum tipo de vara de medir. No mundo grego, cânon veio a significar<br />

"padrão ou norma para julgar ou avaliar todas as coisas". 110 Foram desenvolvidos<br />

cânones para a arquitetura, a escultura, a literatura, a filosofia, e assim por diante. Os<br />

cristãos começaram a empregar o termo de modo teológico para designar os escritos que

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