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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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as Escrituras publicamente na sinagoga. Mas a grande reverência pelo texto bíblico<br />

impedia que os escribas e rabinos chegassem ao ponto de retirar deste o nome divino,<br />

YHWH, e substituí-lo por termos menos importantes, como é o caso de 'adonai. 1 9<br />

Finalmente, os rabinos concordaram em colocar vogais no texto hebraico (uma vez<br />

que o texto inspirado consistia, originalmente, só de consoantes). Tiraram as vogais de<br />

'adonai e as modificaram para ajustar-se às exigências gramaticais de YHWH,<br />

encaixando-as entre as consoantes do Nome Divino. E, assim, foi criada a forma híbrida<br />

YeHoWaH. As vogais serviriam, então, para lembrar o leitor a pronunciar 'Adonai.<br />

Algumas Bíblias transliteram essa forma híbrida por "Jehovah" (aportuguesado "Jeová"),<br />

criando uma palavra composta com as consoantes de um nome pessoal e as vogais de um<br />

título que nunca teve existência real na língua hebraica.<br />

Já nos tempos do Novo Testamento, o costume de substituir o Nome inefável por<br />

"Senhor" foi aceita por seus escritores (e nisto foram seguidos em muitas traduções modernas<br />

da Bíblia). Assim é aceitável. Mas devemos ensinar e pregar que o caráter do<br />

"Senhor/Yahweh/Eu Sou/Eu Serei" é a sua presença ativa e fiel. Se "Yahweh" for a<br />

pronúncia original, o significado gramatical seria "aquele que continuamente causa a<br />

existência". "Porque todos os povos andarão, cada um em nome do seu deus; mas nós<br />

andaremos no nome do SENHOR [Yahweh], nosso Deus, eternamente e para sempre"<br />

(Mq 4-5).<br />

Os serafins, na visão de Isaías, combinam o nome pessoal do Deus de Israel com o<br />

substantivo descritivo tseva'oth, "exércitos" ou "hostes". 30 Essa combinação entre<br />

Yahweh e tseva'oth ocorre em 248 versículos da Bíblia (62 vezes em Isaías, 77 em<br />

Jeremias, 53 em Zacarias) e é usualmente traduzida por "SENHOR dos Exércitos" (Jr<br />

19.3; Zc 3.9,10). Trata-se da afirmação de que Yahweh (aportuguesado Javé) era o<br />

verdadeiro líder dos exércitos de Israel, bem como das hostes dos céus, inclusive os anjos<br />

e as estrelas, reinando universalmente como Supremo Comandante do universo inteiro. A<br />

forma como é empregada a expressão em Isaías 6.3, contrapõe-se ao postulado das<br />

nações em derredor de que cada deus regional era o deus guerreiro que mantinha domínio<br />

exclusivo naquele país. Mesmo se Israel fosse derrotado, não seria porque Javé era mais<br />

fraco do que outro deus guerreiro, mas porque Javé estava usando os exércitos dos países<br />

vizinhos (que Ele mesmo criara) para castigar o seu povo impenitente.<br />

No Oriente Médio antigo, o rei também era o líder de, todas as operações militares.<br />

Por isso, esse título, Yahweh Tseva'oth, é outra maneira de exaltar a realeza de Deus:<br />

"Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da<br />

Glória. Quem é este Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos [Yahweh Tseva'oth],<br />

ele é o Rei da Glória" (SI 24.9,10).<br />

Os serafins, na visão de Isaías, também confessam que "toda a terra está cheia da sua<br />

glória". Esta glória (hb. kavodti) contém o conceito de posição privilegiada. O uso do<br />

vocábulo "glória", neste contexto, indica alguém que possui uma posição de grande<br />

destaque, publicamente reconhecida. Essa "glória" pertence a quem é honrado, impressionante<br />

e digno de respeito.<br />

A revelação que Deus faz de si mesmo está relacionada ao seu propósito de habitar<br />

entre os seres humanos. Ele deseja que a sua realidade e o seu esplendor sejam devidamente<br />

conhecidos. Mas isso é possível somente quando as pessoas compreedem a<br />

qualidade indelével de sua santidade (inclusive a importância de cada um dos seus<br />

atributos), e se revestem de fé e de obediência a fim de que essa faceta do caráter divino<br />

seja nelas manifestada. Deus não se manifesta de modo físico, porém muitos cristãos<br />

podem testemunhar da sensação subjetiva e espiritual de haverem experimentado a<br />

presença poderosa do Senhor. E exatamente essa a experiência de Isaías. Somente Deus é<br />

digno de toda a grandeza, da glória, do reino e do poder. Mas não é somente essa única<br />

reputação divina que enche a terra; a própria realidade de sua presença e a plena posição<br />

de destaque de sua glória acham-se por toda a parte (cf.2 Co 4.17).

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