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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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Além das metáforas que descrevem a natureza da Igreja, as Escrituras sugerem<br />

outros conceitos pelos quais os teólogos lhe descrevem o caráter. Uma forma comum é<br />

retratar a Igreja sob duas perspectivas: local e universal. Há muitas referências, no Novo<br />

Testamento, à Igreja universal, como a proclamação de Jesus, em Mateus 16.18:<br />

"Edificarei a minha igreja"; ou a declaração de Paulo, em Efésios 5.25: "Cristo amou a<br />

igreja e a si mesmo se entregou por ela". A Igreja universal abrange todos os crentes<br />

verdadeiros, independente das diferenças geográficas, culturais ou denominacionais. São<br />

os que corresponderam a Cristo com fé e obediência e são agora "membros de Cristo" e,<br />

consequentemente, "membros uns dos outros" (ver Rm 12.5).<br />

A expressão "Igreja universal" é empregada em alguns círculos com algumas<br />

variantes: "igreja ecumênica" e "igreja católica". Embora os termos "ecumênico" e<br />

"católico" signifiquem simplesmente "universal", o emprego histórico ocasionou<br />

diferenças substanciais. Se falamos hoje em igreja "ecumênica", por exemplo,<br />

normalmente nos referimos a uma organização composta de várias denominações que se<br />

reúnem em torno das crenças ou práticas (ou ambas) qúe sustentam em comum. O termo<br />

"católico" se tem essencialmente tornado sinônimo da Igreja Católica Romana. Embora<br />

certamente haja crentes genuínos dentro das fileiras dessas organizações, seria engano<br />

confundir associações terrestres com o corpo universal dos crentes.<br />

Idealmente, a igreja local deve ser uma pequena réplica da Igreja universal. Isto é,<br />

deve ser composta de pessoas pertencentes a todas as situações históricas, culturas raciais<br />

ou étnicas e níveis sócio-econômicos, que nasceram de novo e compartilham a dedicação<br />

de suas vidas ao senhorio de Jesus Cristo. Infelizmente, semelhantes ideais espirituais são<br />

raramente alcançados entre seres humanos, que são um pouco menos que glorificados.<br />

Assim como nos tempos do Novo Testamento, é possível haver nas assembleias cristãs<br />

locais ovelhas insinceras ou até mesmo falsas entre o rebanho. E assim, a despeito das<br />

melhores intenções, a igreja local muitas vezes fica aquém do caráter e natureza da Igreja<br />

universal verdadeira.<br />

Semelhantemente, a Igreja é também chamada "visível" e "invisível". Esta distinção<br />

aparecia já na literatura cristã, nos tempos de Agostinho, e achava-se frequentemente nos<br />

escritos dos reformadores, como Lutero e Calvino. 21 Alguns oponentes de Lutero<br />

acusaram-no de estar sugerindo, na prática, haver duas igrejas diferentes. Isto, em parte,<br />

porque Lutero falava de uma ekklêsiola dentro da ekklêsia visível. A intenção de Lutero,<br />

no entanto, não era distinguir duas igrejas, mas apontar dois aspectos da Igreja única de<br />

Jesus Cristo. A expressão luterana simplesmente indica que a Igreja é invisível por ser de<br />

natureza essencialmente espiritual: os crentes estão invisivelmente unidos com Cristo<br />

pelo Espírito Santo, as bênçãos da salvação não se podem discernir pelo olho natural, etc.<br />

A Igreja invisível, no entanto, assume forma visível na organização externa, terrestre. A<br />

Igreja é apresentada de várias maneiras através do testemunho e conduta prática cristã e<br />

do ministério tangível dos crentes, coletiva e individualmente. A Igreja visível, assim<br />

como a igreja local, deve ser uma versão menor da Igreja invisível (ou universal); porém,<br />

conforme já observado, nem sempre acontece assim. A pessoa pode professar fé em<br />

Cristo sem realmente conhecê-lo como Salvador e, embora se associe com a Igreja como<br />

instituição externa, pode não pertencer realmente à Igreja invisível. 22<br />

A tendência, no decurso da história da Igreja, tem sido oscilar entre um extremo e<br />

outro. Por exemplo: algumas tradições, como a Católica Romana, a Ortodoxa Oriental e a<br />

Anglicana, enfatizam a prioridade da Igreja institucional ou visível. Outras, como a dos<br />

quacres e dos Irmãos de Plymouth, ressaltando uma fé mais interna e subjetiva, têm<br />

desprezado e até mesmo criticado qualquer tipo de organização e estrutura formal, e<br />

buscam a verdadeira Igreja invisível. Conforme observa Millard Erickson, as Escrituras<br />

certamente consideram prioridade a condição espiritual do indivíduo e sua posição na

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