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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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mencionadas resumidamente aqui: "crentes", "irmãos" e "discípulos". "Crentes" provém<br />

do termo grego pistoi ("os fiéis"). Esse termo dá a entender que o povo de Deus não<br />

somente creu, ou seja: em algum momento do passado deu assentimento mental à obra<br />

salvífica de Cristo, mas também vive continuamente em atitude de fé, confiança<br />

obediente e da dedicação ao seu Salvador. (Esse fato é ressaltado ainda por pistoi<br />

normalmente ser encontrado no tempo presente no Novo Testamento, o que denota ação<br />

contínua). "Irmãos" (gr. adelphoi) é um termo genérico, que se refere tanto a homens<br />

quanto a mulheres, freqüentemente usado pelos escritores do Novo Testamento para<br />

expressar o fato de que os cristãos são chamados para amar, não somente ao Senhor,<br />

como também uns aos outros (1 Jo 3.16). O amor mútuo e a comunhão são inerentes entre<br />

o povo de Deus e servem para lembrar que, independentemente de vocação ou cargo<br />

individual no ministério, todos os irmãos desfrutam de uma posição de igualdade na<br />

presença do Senhor (Mt 23.8).<br />

A palavra "discípulos" (gr. mathêtai) significa "aprendizes", "alunos" ou<br />

"estudantes". Ser aluno nos tempos bíblicos significava muito mais que escutar e<br />

assimilar mentalmente as informações dadas pelo professor. Esperava-sé também que o<br />

aluno imitasse o caráter e a conduta do professor. O povo de Deus é realmente<br />

conclamado a ser discípulo semelhante ao seu Mestre, Jesus Cristo. Conforme declara<br />

Jesus: "Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus<br />

discípulos" (Jo 8.31). Jesus não oferece nenhuma falsa impressão da vida de discípulo,<br />

como se fosse fácil e popularmente atraente (ver Lc 14.26-33), mas a tem por essencial<br />

àqueles que desejarem segui-lo. O teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer, acertadamente,<br />

observa que o verdadeiro discipulado cristão requer a disposição de deixar morrer o ego e<br />

de entregar tudo a Cristo. O discipulado autêntico é possível somente através do que<br />

Bonhoeffer chama "graça dispendiosa", acrescentando: "Essa graça é dispendiosa porque<br />

nos chama a seguir, e é graça porque nos chama a seguir Jesus Cristo. E dispendiosa<br />

porque custa ao homem sua própria vida, e é graça porque dá ao homem a única vida<br />

verdadeira". 13<br />

Corpo de Cristo. Figura bíblica da máxima relevância para representar a Igreja é o<br />

"corpo de Cristo". Era a expressão predileta do apóstolo Paulo, que frequentemente<br />

comparava os inter-relacionamentos e funções dos membros da Igreja com partes do<br />

corpo humano. Os escritos de Paulo enfatizam a verdadeira união, que é essencial na<br />

Igreja. Por exemplo: "O corpo é um e tem muitos membros... assim é Cristo também" (1<br />

Co 12.12). Da mesma forma que o corpo de Cristo tem o propósito de funcionar<br />

eficazmente como uma só unidade, também os dons do Espírito Santo são dados para<br />

equipar o corpo "pelo Espírito Santo... o mesmo Senhor... o mesmo Deus que opera tudo<br />

em todos... para o que for útil" (1 Co 12.4-7). Por esta razão, os membros do corpo de<br />

Cristo devem agir com grande cautela "para que não haja divisão [gr. schisma] no corpo,<br />

mas, antes, tenham os membros igual cuidado uns dos outros" (1 Co 12.25; cf. Rm 12.5).<br />

Os cristãos podem ter essa união e mútua solicitude porque foram todos "batizados em<br />

um Espírito, formando um corpo" (1 Co 12.13). A presença do Espírito Santo, habitando<br />

em cada membro do corpo de Cristo, permite a manifestação legítima dessa união.<br />

Gordon D. Fee declara, , com razão: “Nossa necessidade urgente é uma obra soberana do<br />

Espírito para fazer entre nós o que nossa 'união programada não consegue fazer”. 14<br />

Embora deva existir união no corpo de Cristo, não se constitui antítese enfatizar que<br />

é necessária a diversidade para o bom funcionamento do corpo de Cristo. No mesmo<br />

contexto em que Paulo enfatiza a união, também declara: "Porque também o corpo não é<br />

um só membro, mas muitos" (1 Co 12.14). Referindo-se à mesma analogia, em outra<br />

Epístola, Paulo declara: "Assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos<br />

os membros têm a mesma operação..." (Rm 12.4). Fee observa que a união "não importa<br />

V

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