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Teologia Sistemática - Stanley Horton

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acabasse por ser relegada aos grupos marginais do Movimento Pentecostal, realmente<br />

levantou uma questão que ainda perdura: a singularidade da obra do Espírito naqueles<br />

que falaram noutras línguas em contraste com os que ainda não as falaram. 25<br />

Topeka contribuiu para o reavivamento (que passou a ter importância internacional)<br />

da Rua Azusa, em Los Angeles, Califórnia (1906-1909). Seu líder principal era o<br />

afro-americano William J. Seymour. 26 As notícias das "chuvas serôdias" (cf. Jl 2.23)<br />

espalharam-se rapidamente por outros países através do jornal de Seymour, Apostolíc<br />

Faith, e mediante os esforços dos que saíram das reuniões da Rua Azusa às várias partes<br />

da América do Norte e ao estrangeiro.<br />

Embora tivessem ocorrido outros reavivamentos pen-tecostais importantes (Zion,<br />

111.; Toronto; Dunn, N.C.), a complexidade e a importância do reavivamento de Los<br />

Angeles continua a ser um desafio aos historiadores. Os temas da iminência escatológica<br />

e do poder evangelístico (o legado de Parham) traçaram o caminho seguido pelos<br />

pentecostais americanos nos seus esforços agressivos para pregar o evangelho "até aos<br />

confins da terra" (At 1.8). 27 Os pentecostais afro-americanos, por outro lado, ressaltaram<br />

a reconciliação entre as raças e o derramamento do poder sobre os tiranizados em Azusa.<br />

Reconciliação essa evidenciada pela composição inter-racial dos cultos, catalisada pelo<br />

fruto do Espírito (o legado de Seymour). 28 Embora o zelo espiritual pelo evangelismo<br />

tenha inspirado a obra missionária, os pentecostais podem também aprender muitas<br />

coisas da mensagem de reconcilação, um dos pontos altos do reavivamento. 29<br />

DIVISÕES POR CAUSA DE DIFERENÇAS TEOLÓGICAS<br />

As diferenças teológicas não evaporaram em meio à emoção de proclamar a chegada<br />

das "chuvas serôdias". O novo movimento viu-se diante de três grandes controvérsias,<br />

nos primeiros 16 anos da sua existência.<br />

A primeira questão que dividiu os pentecostais entre si surgiu em fins de 1906.<br />

Centralizava-se no valor teológico da literatura narrativa (Atos e os últimos versículos de<br />

Marcos 16) para fundamentar a doutrina do falar noutras línguas como a "evidência<br />

inicial" do batismo no Espírito Santo. Os que seguiam os passos de Parham consideravam<br />

as línguas como a evidência palpável do batismo no Espírito Santo. Quanto às evidências<br />

encontradas em Atos, possuem tanta autoridade quanto qualquer outro texto das<br />

Escrituras. Ou seja: as línguas, em Atos, têm a função de ser a evidência do batismo no<br />

Espírito Santo; em 1 Coríntios, as línguas possuem outras funções: ajudar na vida de<br />

oração do crente (14.4,14,28), visando a edificação da congregação (14.5,27). Mas para<br />

os que examinavam Atos dos Apóstolos do ponto de vista tido como paulino, o falar em<br />

línguas em nada diferia do dom de línguas em 1 Coríntios. 30<br />

Os que acreditam serem as línguas a evidência inicial do batismo no Espírito, seguem<br />

o padrão hermenêutico de outros restauracionistas: elevam certos costumes da Igreja<br />

Primitiva à condição de doutrina. Afinal, quem poderia negar ser a obra do Espírito Santo<br />

o tema central de Atos, posto que os discípulos foram enviados a pregar o Evangelho até<br />

aos confins da terra, tendo como reforço os "sinais e prodígios" (At 4.29,30)? Nesse caso<br />

e em outros, como na doutrina do lava-pés, por exemplo, os pentecostais trinitarianos<br />

apelam a um padrão doutrinário, tendo como base a literatura narrativa.<br />

Depois de 1906, os pentecostais passaram a reconhecer, cada vez mais, que, na<br />

maioria das ocorrências do falar em línguas, os cristãos realmente estavam orando em<br />

línguas não-identificáveis e não em idiomas identificáveis (glossolalia ao invés de<br />

xenolalià). Embora Parham mantivesse sua opinião a respeito da finalidade das línguas<br />

na pregação transcultural, os pentecostais chegaram finalmente à conclusão: as línguas<br />

representavam a oração no Espírito, a intercessão e o louvor. 3 1<br />

O outro debate girava em torno da segunda obra da graça: a santificação. E<br />

instantânea ou progressiva? Conforme se podia prever, a linha divisória foi traçada entre

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